Marinha destaca avanços do Brasil na IMO em encontro com representantes da comunidade marítima

17:46

  Transição energética foi um dos destaques de 2024 na Organização Marítima Internacional 


Nesta sexta-feira, 1º de novembro, a Marinha do Brasil (MB) promoveu, na sede da Diretoria-Geral de Navegação (DGN), no centro do Rio de Janeiro (RJ), um importante encontro que reuniu representantes de diversos segmentos da Comunidade Marítima brasileira. O evento teve como objetivo divulgar o resultado dos esforços do Brasil na Organização Marítima Internacional (IMO) durante o ano de 2024 e discutir os desafios e oportunidades para o futuro do Setor Naval e da Economia Azul no país.
O evento foi aberto pelo Diretor-Geral de Navegação, Almirante de Esquadra Sílvio Luís dos Santos, que destacou a inclusão dos biocombustíveis na transição energética. "Este último ano foi um ano em que podemos dizer que tivemos conquistas importantes no fórum da IMO (…) hoje o biocombustível já faz parte da lista de combustíveis que vão servir para a transição energética. (...) Ainda não está decidido qual será esse combustível, mas hoje ele já figura na lista dos candidatos e isso é sem dúvida uma conquista muito importante alcançada pelo trabalho árduo e profissional e da coordenação da comunidade marítima brasileira“. O Diretor-Geral ressaltou ainda a importância da colaboração entre os diferentes atores do Setor. "Além desta conquista dos biocombustíveis, nós identificamos a importância de um trabalho coordenado para que estas iniciativas convirjam para o propósito que todos nós desejamos“, acrescentou.
Para o Secretário Executivo Adjunto da Comissão Coordenadora de Assuntos da IMO (CCA-IMO), Vice-Almirante Sergio Fernando de Amaral Chaves Júnior, "a reunião foi importante para mostrar o que conseguimos ao longo do ano e pedir aos envolvidos que continuem contribuindo conosco na defesa dos interesses brasileiros". Coordenada pela Marinha, e composta por 13 Ministérios e uma Agência Reguladora convidada, a CCA-IMO é responsável por elaborar as posições defendidas pela delegação brasileira.

O Vice-Almirante ressaltou a relevância da atuação do País na Organização, onde tem se posicionado como um mediador em negociações cruciais. "O Brasil tem uma postura de bastante relevância na IMO atualmente. A gente, em função do nosso trabalho, do empenho, da dedicação brasileira, tem conseguido ser relevante e ser ouvido também na questão da negociação. O Brasil é visto como um ator capaz de destravar nós, destravar impasses", contou o Secretário.

Sobre a importância de reunir representantes de diferentes órgãos e empresas que atuam no Setor, o Vice-Almirante Chaves faz uma associação com o conceito da "tríplice-hélice", que, segundo ele, já está solidificado na área da Ciência e Tecnologia e une Governo, Academia e Indústria. "A gente acredita que para a regulação internacional, para a defesa dos nossos interesses na IMO, a gente precisa desse trabalho sinérgico entre Autoridade Marítima, Ministérios interessados, Indústria e ainda junto da Academia, que vai participar com os seus cientistas, com os seus estudiosos. Os três campos trabalhando juntos defenderão ainda melhor os interesses do Brasil“, concluiu.

O evento reafirmou o papel da MB como articuladora entre suas diretrizes, no papel de Autoridade Marítima Brasileira, e a Comunidade Marítima. A continuidade desse diálogo tem contribuído significativamente para o fortalecimento do setor de navegação e o desenvolvimento sustentável da economia, consolidando a posição do Brasil no cenário marítimo internacional. O encontro ocorrido representou um marco nessa trajetória de colaboração e desenvolvimento, reafirmando o compromisso da Força Naval com o crescimento do Setor e a sustentabilidade do transporte marítimo nacional.

O Diretor-Presidente da Associação Brasileira dos Armadores de Cabotagem (Abac), Julian Roger Crispin Thomas, destacou a descarbonização como uma das principais revoluções que o Setor enfrenta. "A iniciativa da Marinha em trabalhar em conjunto com todos os setores, todos os stakeholders, para chegar ao melhor para o país é fundamental", afirmou.

Representante do setor privado e Diretor-Executivo da Be8, empresa brasileira de energias renováveis, Erasmo Carlos Battistella complementou: "estar aqui com a Marinha e o setor produtivo é crucial para discutirmos as oportunidades que temos na descarbonização do transporte marítimo". Ele ressaltou a importância dos biocombustíveis como uma solução viável nesse processo.

O Brasil na IMO

A Organização Marítima Internacional (IMO), agência especializada da ONU com sede em Londres, tem como missão promover um transporte marítimo internacional seguro, protegido e sustentável. O Brasil é membro da IMO desde 1963 e, desde 1967, faz parte do seu Conselho, um espaço reservado para países com grande interesse no comércio marítimo global.

No Brasil, a Marinha é responsável por elaborar e atualizar normas relacionadas ao registro, construção e certificação de embarcações, além de regular o uso de material de salvamento e capacitação de aquaviários. A MB também estabelece padrões para cartas náuticas e supervisão de obras em leitos marinhos e fluviais, garantindo a prevenção da poluição hídrica causada por embarcações.

Veja o vídeo com imagens do encontro: 


Fonte: Agência Marinha de Notícias

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Fuzileiros Navais comemoram 400 anos da Fortaleza de São José com espetáculo musical e reinauguração de museu, nesta sexta-feira, no Rio de Janeiro

17:18

 


Fuzileiros Navais comemoram 400 anos da Fortaleza de São José com espetáculo musical e reinauguração de museu, nesta sexta-feira, no Rio de Janeiro

O concerto, que é acompanhado de um grande show de luzes e projeções de imagens na fachada da fortaleza, irá contar de forma lúdica a história do CFN, apresentando seus meios, tropas e contando, inclusive, com salvas de canhões. No total, mais de 100 músicos se apresentarão, além do coral do Programa Forças no Esporte (PROFESP) do Batalhão Naval, composto por crianças e adolescentes provenientes de comunidades carentes do Rio de Janeiro. 

Outro ponto alto da noite é a participação especial da cantora Mona Vilardo, que irá interpretar sucessos de Emilinha Borba, a “Eterna Favorita da Marinha” e uma das rainhas do rádio do Brasil. Já o Museu do CFN está situado nas instalações que foram ocupadas pelos componentes da Brigada Real da Marinha, origem do atual Corpo de Fuzileiros Navais. 

Além de toda a extensão da FSJ, que representa um museu a céu aberto com dois quilômetros de extensão, o circuito expositivo conta com dois túneis subterrâneos, documentos, medalhas, pratarias, salões históricos, uniformes, material arqueológico, fotografias, equipamentos, armamentos e o monumento aos fuzileiros navais mortos em combate. O público poderá conhecer também a galeria de uniformes históricos, localizada em um antigo túnel que ligava as fortalezas na Ilha das Cobras. O circuito conta, ainda, com um salão projetado na antiga cisterna, onde o visitante terá acesso a uma exposição permanente com a linha do tempo da tropa anfíbia do Brasil, além de dois salões históricos, de grande importância para o CFN.

Pacote de investimentos acelera a Economia Azul no Brasil

17:28

 Iniciativa BNDES Azul busca sinergia para uso do mar e

apoio à descarbonização da frota naval e à infraestrutura portuária

Um passo estratégico e inovador do Brasil: ser referência no cenário mundial e líder no Atlântico Sul no que diz respeito à Economia Azul. Graças ao fomento da cultura oceânica - a exemplo da inclusão da Amazônia Azul no mapa político brasileiro e livros didáticos escolares  e do reconhecimento da importância do mar, tendo em conta a incorporação das questões marítimas dentre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável definidos pela Organização das Nações Unidas -, diversos setores (governo, empresa e academia) trabalham em conjunto para elaborar pesquisas e projetos sobre a conservação e uso sustentável dos oceanos, dos mares e dos recursos marinhos em prol do desenvolvimento de uma economia sustentável nesse ambiente.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) lançou, em janeiro deste ano, um pacote de investimentos, o BNDES Azul, uma iniciativa que busca gerar sinergias e abrir novas frentes de crescimento no mar. O apoio do Banco já apresentou resultados para o Planejamento Espacial Marinho (PEM), que foi um dos assuntos debatidos no evento “A relevância do BNDES Azul para a Economia Azul do País”, promovido pelo Centro de Excelência para o Mar Brasileiro (Cembra), em agosto.


O ex-Comandante da Marinha do Brasil (MB) e atual Coordenador de Relações Institucionais e de Desenvolvimento de Novos Negócios do Cluster Tecnológico Naval-RJ, Almirante de Esquadra, da reserva remunerada, Ilques Barbosa Junior, foi o palestrante convidado, ao lado da Gerente de Meio Ambiente do BNDES, Vanessa Mesquita Braga. Quem não pôde acompanhar o debate ao vivo, pode assistir no canal oficial do Cembra no YouTube.


Números revelam a importância da Economia Azul
A relevância do BNDES Azul para a Economia Azul
 

Estudos da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) indicam que, até 2030, é previsto um crescimento anual de 3,5% para as indústrias globais baseadas nos oceanos, com perspectiva de geração de milhões de empregos. Ainda de acordo com as projeções da OCDE, a demanda pelo comércio marítimo triplicará entre 2015 e 2050, respondendo os navios por mais de 75% do transporte global de carga.

Mais de 95% do comércio exterior brasileiro se dá por via marítima; e, da Amazônia Azul, são extraídos cerca de 95% do petróleo, 80% do gás natural e 45% do pescado produzidos no País. Cerca de 80% da população brasileira vive em uma faixa de até 200 quilômetros do litoral, sendo 17 estados e 16 das cidades mais populosas que se encontram na região costeira.  

O Brasil é um dos países do mundo com maior extensão de área marítima. O olhar para a economia do mar traz uma dimensão socioeconômica e ambiental importante. Desta forma, o Brasil se antecipa a uma futura exigência de sustentabilidade em âmbito mundial e se coloca em vantagem competitiva e comparativa a outros países.

O BNDES Azul avançou nos seguintes campos: execução do PEM da região Sul do País;  finalização do processo de contratação do PEM do Sudeste ainda neste ano; lançamento do edital do PEM Norte com previsão para o fim de 2024; PEM Nordeste também já está em desenvolvimento. “O PEM, hoje, no Brasil é uma realidade. Não é mais uma meta. É uma realidade, sendo implementada. Estamos na vanguarda. O Brasil vai ser projetado dentro da agenda ‘azul’”, afirmou a gerente de Meio Ambiente do BNDES.

As iniciativas do BNDES Azul ainda contemplam recursos, pesquisas e ações para preservar corais e manguezais; bem como atividades de incentivo à descarbonização da frota naval - pesquisas científicas sobre como podemos extrair soluções do mar para promover a captura de carbono e enfrentar a descarbonização -  e à infraestrutura portuária.

A Economia Azul tem aparecido com mais frequência nas discussões, principalmente no que se refere ao “clima e suas consequências e processos econômicos de transição justa”, enfatizou Vanessa Mesquita. Ela alertou para a urgência de que “ainda há o que amadurecer sobre uma atuação integrada”.  Um dos maiores desafios da Economia Azul é abranger iniciativas que envolvam: biodiversidade marinha; energias não-renováveis offshore, energias renováveis offshore; indústria naval; Marinha do Brasil e defesa; Marinha Mercante e comércio; mineração marinha; pesca e aquicultura; transporte e logística; e turismo e esporte.

Para o ex-Comandante da MB, o oceano é o centro de gravidade político, estratégico, científico, econômico e ambiental. “Precisamos fortalecer nossos laços no que se refere aos centros de conhecimento, de capacitação e de lideranças no mundo da comunidade marítima”.  

Agência Marinha de Notícias

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Há 800 milhões de anos, planeta Terra era mais diverso do que se imaginava, aponta estudo brasileiro

12:03


 Há 800 milhões de anos, muito antes da formação do supercontinente Pangeia, a Terra era mais diversa do que sugere a teoria clássica. Ao reconstituir a árvore da vida, a partir da história evolutiva de amebas e depois de ancestrais de algas, fungos, plantas e animais, pesquisadores brasileiros conseguiram criar um cenário com várias linhagens de diferentes espécies habitando o planeta naquele período.
 As descobertas, publicadas na revista Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America (PNAS), indicam que diversas linhagens de eucariontes (seres vivos cujas células possuem núcleo delimitado) surgidas há 1,5 bilhão de anos se diversificaram e se estabeleceram durante o evento de oxigenação do Neoproterozoico – quando, há 800 milhões de anos, a geoquímica planetária permitiu a oxigenação profunda dos oceanos.
 
O estudo mostra também que a diversidade de amebas e ancestrais de plantas, algas, fungos e animais sobreviveram até mesmo ao período Criogeniano (entre 790 e 635 milhões de anos atrás), que contou com dois eventos de glaciação – quando o gelo dos polos cobriu todo o planeta por cerca de 100 milhões de anos (fenômeno conhecido como Terra Bola de Neve).
 “O paradigma que tínhamos para o Neoproterozoico era de que não havia quase nada no planeta, apenas uma ou outra espécie de bactéria e protista. Porém, nos últimos 15 anos, foram sendo identificados fósseis de seres unicelulares, eucariontes e heterotróficos [que não produzem o próprio alimento] em diversos lugares diferentes do planeta. Esses fósseis datam de cerca de 800 milhões de anos [e são denominados fósseis tonianos]. Tudo isso se junta ao nosso estudo, que reconstituiu a árvore da vida e, por probabilística, identificou diversas linhagens bem estabelecidas de ancestrais de amebas, animais, fungos e plantas há 800 milhões de anos. Isso muda muito o nosso entendimento sobre como se deu a diversificação da vida na Terra”, conta Daniel Lahr, professor do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (IB-USP) e autor sênior do artigo.
 Desse modo, o trabalho antecipa em cerca de 260 milhões de anos os eventos de diversificação em massa no planeta, ou seja, muito antes da chamada revolução do Cambriano, ocorrida há 540 milhões de anos, quando houve uma inexplicável explosão de novas espécies pluricelulares. Nesse período, a Terra – habitada por seres como os trilobitas, braquiópodes e graptólitos – já apresentava um clima moderado, úmido e nenhuma formação de gelo que pudesse ser caracterizada como geleira.
 “Mesmo com todas as alterações climáticas sofridas no Neoproterozoico, a diversidade dos eucariontes persistiu, mostrando um poder de adaptação acima do esperado. Isso é importante, pois o nosso trabalho de reconstituição de árvore filogenética serve também de base para estudos de reconstrução paleoclimática”, conta.
 “Algo inusitado é que todas as amebas Arcellinida desse período eram de água salgada e, atualmente, todas têm a água doce como hábitat. Trata-se de uma mudança comum de acontecer ao longo da história da Terra, mas, no caso dessas amebas, a mudança ocorreu com todas as linhagens. Isso mostra, mais uma vez, a capacidade de adaptação desses seres vivos”, afirma Lahr.
 No trabalho, os pesquisadores usaram técnicas inovadoras para a reconstrução da árvore de relações de parentesco (filogenética) das tecamebas (Arcellinida) e, a partir disso, calibraram a árvore da vida, identificando ancestrais de plantas, fungos, algas e animais, por exemplo.
 “A base para criar essa reconstituição foram as tecamebas e, a partir desse trabalho, fomos conseguindo visualizar outros seres vivos que antecederiam outros grupos e que também estariam presentes e diversificados naquele período da Terra, há 800 milhões de anos", explica Lahr à Agência FAPESP.
 Vale destacar que as tecamebas representam o maior grupo do clado (conjunto de organismos originados de um ancestral comum) Amoebozoa, uma grande linhagem de seres que se locomovem por projeções celulares chamadas pseudópodes. Estudo anterior do grupo da USP permitiu estruturar a árvore molecular das tecamebas (leia mais em: agencia.fapesp.br/29929).
 “Com auxílio de matemática probabilística conseguimos determinar a morfologia de tecamebas ancestrais [a partir de dados genéticos de espécies que vivem hoje na Terra] para depois comparar com a morfologia dos fósseis. Neste estudo, identificamos linhagens ancestrais das tecamebas e uma maior diversificação desses organismos no Neoproterozoico”, relata Lahr.
 No estudo publicado em PNAS, os cientistas avançaram no entendimento de como era o planeta há 800 milhões de anos a partir do uso dessas linhagens de tecamebas como pontos de calibração para a árvore da vida com plantas, algas, fungos, animais e seus antepassados. A pesquisa recebeu apoio da FAPESP por meio de um Auxílio à Pesquisa – Regular e de uma Bolsa de Doutorado.
 “A partir dessa ampliação da árvore da vida, foi possível obter descobertas interessantes sobre um período da história do planeta que ainda era muito obscuro. Com a calibração da árvore a partir do estudo filogenético das tecamebas, conseguimos duplicar a quantidade de informação sobre os eucariontes no Neoproterozoico. Nossos dados mostram que é nesse momento que começa a surgir uma diversidade grande de linhagens, uma delas é a dos animais, outra dos fungos e, possivelmente, as plantas”, diz o pesquisador.
 Como explica Lahr, o trabalho se baseia em uma técnica inovadora denominada single-cell transcriptomics, que permite sequenciar todo o transcriptoma de uma única célula (ser unicelular). O transcriptoma é a parte do genoma que está sendo expressa e o seu sequenciamento permite que os cientistas retrocedam na linhagem evolutiva, identificando espécies que viveram no passado.
 "Antes dessa técnica só era possível obter o transcriptoma de seres vivos unicelulares que vivem em cultura, ou seja, menos de 1% da diversidade dos microrganismos. Foi a partir dessa inovação que fomos conseguindo estruturar a filogenia do grupo das tecamebas como um todo. É um grupo bem diverso e se mostra interessante para iluminar esses períodos da história da Terra, por terem registros fósseis com os quais podemos fazer comparações. Fora isso, na árvore da vida, as amebas estão mais próximas dos animais do que eles estão das plantas, o que nos permitiu fazer calibrações importantes", diz.
 Agência FAPESP* –Maria Fernanda Ziegler | Agência FAPESP –
O artigo Amoebozoan testate amoebae illuminate the diversity of heterotrophs and the complexity of ecosystems throughout geological time pode ser lido em: www.pnas.org/doi/abs/10.1073/pnas.2319628121.
 

Marinha do Brasil lança primeira Fragata do Programa Fragatas Classe Tamandaré

10:37

Fragata deve ser incorporada à Esquadra em 2025


Nesta sexta-feira (9), a Marinha do Brasil (MB) e a Sociedade de Propósito Específico (SPE) Águas Azuis realizam a Cerimônia de Lançamento da primeira das quatro fragatas previstas no Programa Fragatas Classe Tamandaré (PFCT), na thyssenkrupp Estaleiro Brasil Sul (tkEBS), em Itajaí, Santa Catarina.     

A Fragata “Tamandaré” (F200) será batizada pela Senhora Vera Brennand, esposa do Ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, durante a cerimônia de lançamento. A F200 teve seu primeiro corte de chapa em setembro de 2022, e a expectativa é de que o navio seja incorporado à Marinha do Brasil em 2025.

Nos modernos projetos de construção naval, como o adotado no PFCT, o navio é lançado ao mar por uma operação chamada “load out”, que consiste na movimentação da embarcação para um dique flutuante, e em seguida é realizada a imersão controlada dessa plataforma, até o navio atingir a sua própria sustentação na água. Trata-se de um procedimento complexo, que ocorrerá nos próximos dias. Após essa etapa, a fragata será transferida para o cais até a conclusão dos acabamentos e testes necessários para, então, seguir para a prova de mar      

A tripulação da Fragata “Tamandaré” será composta por cerca de 130 militares, que já estão em treinamento especializado, para que todos estejam prontos para operar a embarcação com segurança e eficiência.
A F200, dá nome à classe: “Tamandaré”, uma homenagem ao Almirante Joaquim Marques Lisboa, o Marquês de Tamandaré, Patrono da MB que defendeu a nação em diferentes e importantes conflitos, dentre eles a Guerra da Cisplatina e a Guerra da Tríplice Aliança.  



Sobre o Programa Fragatas Classe Tamandaré (PFCT) O PFCT é uma parceria entre a Marinha do Brasil e a SPE Águas Azuis, formada pela
thyssenkrup Marine Systems, Embraer Defesa e Segurança e Atech, e gerenciado pela Empresa Gerencial de Projetos Navais (EMGEPRON). A assinatura do contrato foi realizada em março de 2020.

É um marco na modernização da Esquadra, resultado de uma necessidade de renovação dos meios navais. Serão construídos no País quatro navios de alta complexidade tecnológica, com considerável capacidade de combate, capazes de operar em todos os ambientes de guerra: superfície, aéreo e submarino. Com a missão de fortalecer a nossa capacidade de defesa, monitoramento e proteção da Amazônia Azul, que possui 5,7 mil km2, as fragatas serão indispensáveis para o Controle de Área Marítima, para a Defesa das nossas Ilhas Oceânicas, para a Proteção das Infraestruturas Críticas Marítimas e para a Proteção das Linhas de Comunicações Marítimas, considerando que mais de 90% do nosso comércio exterior é realizado pelo mar. Cabe também ressaltar o apoio à Política Externa, de forma compatível com a inserção do Brasil no cenário internacional.

As projeções do programa apontam a mobilização de 2.000 profissionais envolvidos diretamente nas obras, com um reflexo de cerca de 6.000 postos de trabalho indiretos e um arraste de cerca de 15.000 empregos induzidos, quando acrescentadas as atividades que gravitam no
entorno tais como hotéis, restaurantes, transporte etc., totalizando 23.000 empregos gerados.

As Fragatas são dotadas de convoo, hangar para helicóptero, radares, sensores e armamentos de última geração. Construídas com altos índices de conteúdo local e transferência de tecnologia, que incrementam a construção naval nacional e fomentam a Base Industrial de Defesa
(BID).

Informações técnicas da Fragata Tamandaré:
Comprimento: 107,2m            
Boca: 15,95m
Pontal (altura): 20,2m
Deslocamento: 3.500 toneladas
Autonomia: 5.500 milhas náuticas
Velocidade: 25 nós (equivalente a cerca de 47 km/h)

O Grande Inimigo dos Práticos

11:33

Praticagem de São Paulo

Prático Souza Filho


Quando o prático é surpreendido por um nevoeiro durante as manobras, ele imediatamente reduz a velocidade, para que tudo aconteça mais lentamente e possa avaliar a situação pelo radar. Além do que, se houver algum erro ou abalroamento em baixa velocidade, o dano vai ser menor. Em alguns lugares é possível simplesmente fundear, parar e esperar o final do nevoeiro, mas aqui em Santos não há lugares com espaço suficiente para largar a âncora e parar o navio. Nossa única opção é navegar. 

Talvez essa seja a situação mais perigosa para qualquer prático. O nevoeiro pode surgir do nada, e mesmo sabendo que há possibilidades de acontecer e que existem condições propícias reinantes, é sempre imprevisível. Mesmo  com uma massa de ar úmido frio ou quente e a temperatura da água inversa e tem uma pequena brisa, nunca teremos certeza de que esse ponto de condensação com ar saturado de água vai ser atingido. Mas quando é atingido é instantâneo.

Eu já passei por isso duas vezes. Muitas vezes estamos navegando, podem ter 5, 6 navios no Canal, entrando ou saindo nos cruzamento previstos, e a visibilidade ficar praticamente zero. E realmente não se consegue enxergar nem o navio. Fica uma nuvem na vigia (escotilha) do navio. Claro pode ser em diferentes níveis. Comigo uma vez ficou literalmente zero, não enxergava nada. Eu ia atracar, conversei com o comandante para ele se sentir confiante, fui falando no rádio com o atracador, usando o rebocador. Felizmente o radar tinha uma ótima qualidade e definição. Eu falava com o atracador e ele também não me enxergava, praticamente só enxergou quando estávamos a dez metros do cais.

E de onde vêm os nevoeiros tão perigosos? A condição fundamental é o ar estar úmido (mais de 90% de umidade relativa) e haver uma diferença de temperatura entre esse ar úmido e a superfície do mar. Ele pode ser formar tanto porque vem um ar mais frio e com bastante umidade e a superfície do mar está mais quente ou o inverso. E tem que ter, ainda, pelo menos um pouco de vento que faça circular a umidade dentro desse ar e que grande parte dela tenha contato com essa diferença de temperatura. Na temperatura de condensação se forma uma nuvem 

É importante que o radar da embarcação esteja em boas condições, o prático dependerá muito dele, da sua experiência e conhecimento da região para fazer a manobra sem visibilidade alguma. O próprio prático faz os ajustes para as condições reinantes, com uma série de controles para obter a melhor definição, a potência de emissão, usando alguns filtros para tentar buscar a condição ótima. 

Outro cuidado essencial é usar os sinais de baixa visibilidade assim que começar o nevoeiro. No nosso caso, pelo tamanho dos navios, é um apito longo que dura entre 4 a 6 segundos, em intervalos não superiores a dois minutos. Os sinais sonoros em baixa visibilidade variam de acordo com o tipo e o tamanho das embarcações e se estão em movimento ou fundeadas. 

O apito longo é caracterizado pelo apito grave do navio com uma duração de quatro a seis segundos. Quando há cruzamentos é bem complexo porque o canal é estreito e quando os dois navios estão se cruzando a parte borrada do radar pelos próprios obstáculos do navio tem um poder pequeno de discriminação para avaliar se a distância é segura.

Assessoria Praticagem de São Paulo

Marinha oferece cursos profissionais para atividade pesqueira em todo o País

12:21

 

Conheça as opções e saiba como se inscrever nas Capitanias, Delegacias e Agências

A pesca é uma atividade milenar, que começou de forma artesanal e de subsistência e, atualmente, tem capacidade industrial e é desenvolvida até para áreas científicas e esportiva/amadora. É da Amazônia Azul que são extraídos 45% do pescado produzido no País. Com o incremento de políticas públicas para o segmento, o consumo da proteína está mais acessível e atrativo para milhares de brasileiros. O mar tornou-se, também, uma nova fonte de segurança alimentar.

A atividade pesqueira é uma potência em expansão, que contribui para o desenvolvimento socioeconômico — como geração de emprego e renda, e fornecimento de alimentos —, e deve ser realizada de forma consciente para conservar o meio ambiente. Alinhada às necessidades da sociedade, a Marinha do Brasil (MB) oferece cursos para pescadores — tripulantes de embarcações de pesca — no que se refere à operação da embarcação.

Formados pela MB, os pescadores precisam estar licenciados ou registrados no Ministério da Pesca e Aquicultura (MPA) para receber a carteira de pescador profissional e poder exercer a atividade legalmente, com garantia de direitos trabalhistas e sociais. De acordo com o MPA, são 1.202.591 pescadores registrados no Brasil, sendo os estados do Maranhão e do Pará os que apresentam os maiores números: 350 mil e 213 mil profissionais, respectivamente.

O Dia do Pescador, comemorado em 29 de junho, reconhece a importância do exercício da profissão daquele que vive no mar e do mar. A Marinha do Brasil, com o compromisso de contribuir para uma navegação segura e para a preservação do ambiente marinho, promove cursos de formação de aquaviários. Conheça alguns deles que estão disponíveis nas Capitanias, Delegacias e Agências da MB, em todo o País:




   • Pescador Profissional Nível 1

O Curso de Formação de Aquaviários - Pescador Profissional Nível 1 tem como objetivo preparar profissionais para ingresso na Marinha Mercante como Aquaviários do 3º Grupo - Pescadores, Seção de Convés e de Máquinas. As inscrições podem ser feitas na categoria Pescador Profissional (POP) e/ou Motorista de Pesca (MOP), no nível de habilitação 1.

O curso não possui custos e, para se inscrever, é necessário atender aos seguintes requisitos: ter no mínimo 18 anos; possuir escolaridade inferior ao 6º ano do ensino fundamental; estar em dia com as obrigações militares e eleitorais; e possuir indicação de empresa de pesca ou de entidades representativas dos pescadores.

Durante três semanas, os alunos estudam sobre a atividade da pesca; a condução e operação de embarcação de pesca; o sistema de propulsão a motor diesel; conhecimentos de primeiros socorros; técnicas de sobrevivência pessoal; prevenção e combate a incêndio; e segurança em operações de embarcação de pesca.

   • Pescador Profissional Especializado

O curso tem quatro meses de duração e visa capacitar profissionais para Marinha Mercante como Aquaviários do 3º Grupo - Pescadores, Seção de Convés, com inscrição na categoria Pescador Profissional Especializado, no nível de habilitação 3. Há um custo de inscrição no valor de R$ 8,00.
Quem deseja se matricular, deve cumprir estes critérios: ser brasileiro (a) nato ou naturalizado (a); ter no mínimo 18 anos e o ensino fundamental completo; estar em dia com as obrigações militares e eleitorais; possuir indicação de empresa de navegação (exceto para POP e para MOP, desde que possuam mais de um ano de embarque, comprovado por meio da apresentação da Carteira de Inscrição e Registro).

Caberá à empresa de navegação o compromisso de garantir vagas para a realização do Programa de Instrução no Mar (PIM) a bordo de embarcações de pesca. O POP e o MOP estão dispensados de realizar o PIM e de atender às demais condições estabelecidas no edital do processo seletivo.

As aulas abordam temas como manuseio e conservação do pescado;  informática básica; navegação costeira; manobra de embarcação de pesca; meteorologia e oceanografia; arquitetura naval; manuseio e estivagem de carga em embarcações de pesca; legislação marítima e ambiental; conscientização sobre proteção de navio; relações interpessoais e responsabilidades sociais; segurança no trabalho; procedimentos de emergências; prevenção e controle da poluição no meio ambiente aquaviário; segurança em operações de embarcações de pesca; sistemas de propulsão auxiliares; sistemas elétricos de embarcações de pesca; manutenção de embarcações de pesca; e comunicações.

Ficou interessado? Localize a Capitania, Delegacia ou Agência mais próxima de sua cidade para saber o período de inscrição dos cursos.

6ª Ação Social para Pescadores Artesanais

No mês de junho, a Capitania dos Portos do Rio de Janeiro (CPRJ), em parceria com entidades públicas e privadas, realizou uma ação social para 120 pescadores artesanais das Baías de Guanabara (RJ) e de Sepetiba (RJ). A iniciativa é um esforço conjunto que visa à conscientização sobre a segurança da navegação e a prevenção da poluição hídrica. Além da ação social, foram realizadas vistorias nas embarcações de pesca para a regularização de documentos.

Os pescadores também receberam kits com coletes salva-vidas, boias, luvas de poliamida, lanternas noturnas, faixas adesivas refletivas, isopores térmicos e cestas básicas. O projeto social, iniciado em 2020, já beneficiou 420 pescadores e demonstra a sinergia entre a MB e comunidades marítima e de pesca.


Fonte: Agência Marinha de Notícias
Acesse: https://www.agencia.marinha.mil.br/