– Temos que trabalhar juntos porque os problemas são integrados e refletem em toda a região. Se ocorre um problema na barra norte, por exemplo, todos os terminais ao longo do rio vão ser afetados.
Falcão citou a iniciativa da praticagem, que assumiu o levantamento das profundidades dos rios da Amazônia e das marés na barra norte, possibilitando a passagem de navios mais carregados:
– Isso não é barato, ainda mais no nível de prontidão que nós (da praticagem) temos. Esse controle para ganhar cada centímetro de calado é lucro na veia para terminais e armadores. Um metro a mais significa cem toneladas extras embarcadas. Estamos falando de um adicional de R$ 26 milhões em soja por embarcação.
Em relação ao calado máximo autorizado na barra norte, o diretor de Relações Institucionais da Amaggi, Ricardo Tomczyk, disse que o ideal seria chegar a 12,50 metros – atualmente, está em 11,90 metros em fase de testes. Falcão respondeu que é possível até alcançar 13 metros duas vezes por mês, nas marés de sizígia, porque a praticagem instalou marégrafos na região.
O diretor executivo do Movimento Pró- Logística de Mato Grosso e presidente do Conselho do Centro-Oeste Export, Edeon Ferreira, apresentou um panorama dos problemas nos principais corredores logísticos do Arco Norte e sugeriu que sejam realizadas concessões de todo o percurso de escoamento, não segmentadas por modais de transporte.
O diretor do Departamento de Navegação e Hidrovias do Ministério da Infraestrutura, Dino Batista, disse que o governo avalia com cautela a possibilidade de “concessões casadas":
– Existem pontos positivos e negativos em uma associação dessas. São ativos muito diferentes, normalmente geridos por empresas com perfis muito distintos. Temos que ter cuidado ao estruturar uma concessão para não trazer deseconomias de escopo.
O diretor-presidente da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL), Cesar Meireles, e conselheiro nacional do Brasil Export, ressaltou a importância de o Amapá se ver integrado com os demais estados e citou exemplos de integrações logísticas de sucesso, principalmente a da plataforma de Zaragoza, na Espanha:
– Logística é integração de fatores. Não se faz logística de forma fragmentada.
Tanto Cesar quanto Edeon afirmaram que a cidade de Macapá, próxima do Porto de Santana e da área de dois terminais previstos, tem potencial para se tornar um hub portuário.
No fim da tarde, o senador suplente Josiel Alcolumbre prestigiou o evento. O segundo dia do Norte Export reuniu ainda, de forma remota, os governadores do Consórcio Interestadual de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia Legal, entre eles o governador do Amapá, Waldez Góes, que também esteve presente encerrando a programação. O presidente do BNDES, Gustavo Montezano, foi outro que fez questão de participar da discussão, mesmo à distância.
Ao final, Ricardo Falcão leu uma carta conjunta de compromissos: “O Norte Export se compromete a cobrar do governo federal a elaboração, o desenvolvimento e o cumprimento de políticas públicas de Estado, não de governo, no sentido de aperfeiçoar a logística e a preservação das águas e do meio ambiente”.
O Norte Export, realizado na sede do Sebrae, foi o primeiro dos eventos regionais do Brasil Export. Os próximos fóruns serão o Sul Export (5 e 6 de outubro), em Curitiba (PR), que tem o prático João Bosco, diretor do Conapra, no Comitê Orientador; o Sudeste Export (19 e 20 de outubro), em São Paulo (SP), com Hermes Bastos Filho, da Praticagem de São Paulo, no Comitê Orientador; o Nordeste Export (26 e 27 de outubro), em Recife (PE); e o Centro-Oeste Export (9 e 10 de novembro), em Rondonópolis (MT). Os eventos têm transmissão gratuita pelo Zoom.
Fotos : Divulgação
Fonte: Praticagem do Brasil