SOPESP lança campanha "Porto & Arte" no mês das crianças

13:34

Inscrições vão até 5 de outubro


Em comemoração ao Dia das Crianças, celebrado no dia 12 de outubro, o SOPESP - Sindicato dos Operadores Portuários do Estado de São Paulo- lançou um concurso de desenho especial para incentivar e destacar o lado artístico dos filhos dos colaboradores das empresas associadas à entidade. 

O concurso está aberto a crianças com idades entre 5 e 12 anos e tem como tema a criação de desenhos relacionados ao Porto de Santos.

Para participar, é necessário seguir algumas etapas, incluindo a inscrição e o envio do desenho através do link https://forms.gle/RmpEBi6uJSZq8U447

Os três melhores desenhos serão premiados e terão a oportunidade de competir pelo grande prêmio na votação final, que ocorrerá no dia 12 de outubro.

"Esta é uma iniciativa que busca conectar as futuras gerações com o ambiente de trabalho de seus pais. Certamente, iremos descobrir muitos talentos artísticos", afirma Regis Prunzel, presidente do SOPESP.

A ação faz parte do cronograma de eventos em comemoração aos 30 anos do SOPESP, celebrado no dia 22 de dezembro.

Cembra: a organização responsável por propor ações concretas para o aproveitamento do mar brasileiro

20:00

 Confira a entrevista com o Coordenador-Executivo do Centro, o Almirante de Esquadra Moura Neto


18/09/2023 - Por CT (T) Bruno Oliveira, 1T (T) Mirella Arruda e 1T (RM2-T) Felipe Lemos - Rio de Janeiro, RJ

Já pensou na importância que o mar tem para o Brasil? A quase totalidade das importações e exportações, vitais para economia do País, é feita pelo mar, 90% do petróleo e 80% do gás natural são retirados do mar, e no litoral temos 17 estados que correspondem a 90% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional. Apesar disso, o mar brasileiro, também denominado Amazônia Azul, ainda é um desconhecido do cidadão comum e as potencialidades do oceano ainda são pouco exploradas. Mas como mudar essa situação? Quais instituições brasileiras estão preocupadas em fortalecer a mentalidade marítima e a cultura oceânica?

Criado há 14 anos, o Centro de Excelência para o Mar Brasileiro (Cembra) é a organização que faz a integração das instituições que representam o ecossistema do mar. Seu maior objetivo é contribuir para despertar o interesse da sociedade quanto à importância do mar e gerar uma convicção na sociedade que resulte em ações concretas voltadas ao aproveitamento sustentável das potencialidades do mar brasileiro.
 
Nesta entrevista, o Coordenador-Executivo do Cembra, Almirante de Esquadra Julio Soares de Moura Neto, ex-Comandante da Marinha do Brasil, explica as principais iniciativas da organização para este ano, como o lançamento do site reformulado da organização, o primeiro site do País dedicado exclusivamente aos conteúdos e às informações do mar brasileiro, em cerimônia virtual que será exibida ao vivo pelo canal do Cembra no Youtube, no dia 19 de setembro, às 10h.
 
Almirante, qual a importância do Cembra para o País?
O Centro de Excelência para o Mar Brasileiro é uma organização sem fins lucrativos, que tem por missão estimular, propor, coordenar e conduzir projetos e ações estruturantes relacionados ao estudo e aproveitamento do mar brasileiro, também conhecido, nacionalmente, como Amazônia Azul.
 
O Cembra é regido pela metodologia de Organismos de Vanguarda, desenvolvida pela Petrobras/Coppe [Centros de Excelência] e divulgada pelo Espaço Centros e Redes de Excelência [Ecentex/UFRJ]. O Cembra é constituído por diversas Instituições, sendo seus parceiros fundadores a Marinha do Brasil, a Coppe/UFRJ, a FURG [Universidade Federal do Rio Grande]; seus parceiros estratégicos a Femar [Fundação de Estudos do Mar], UFF [Universidade Federal Fluminense] e a Diretoria-Geral de Desenvolvimento Nuclear e Tecnológico da Marinha; além de especialistas e consultores diversos.
 
A mais importante realização do Cembra é o livro “O Brasil e o Mar no Século XXI”, o BMS21, hoje na sua 3ª edição, e que é uma obra de fôlego, composta de nove partes, contendo 20 capítulos temáticos, dedicados ao oceano, e uma conclusão, em um conjunto de 771 páginas.
 
No site do Cembra, dentre outras informações, é possível o acesso à edição virtual do livro, cujos capítulos são atualizados de três em três anos. Permite, também, acessar o “Informativo Cembra”, publicação digital periódica que divulga assuntos sobre o mar brasileiro, sendo que o próximo InfoCembra, o de nº 14, será expedido a partir de 1º de outubro, para cerca de 3.500 destinatários, e versará sobre o próprio BMS21.
 
Qual a contribuição do livro “O Brasil e o Mar no século XXI” para o desenvolvimento desse ambiente de forma sustentável?
O livro reúne dados e informações extremamente relevantes sobre as atividades brasileiras no mar. É certamente um documento de referência, capaz de despertar o interesse da sociedade brasileira quanto ao valor e às potencialidades do mar brasileiro.
 
Entre os principais assuntos nele discutidos, e que constam das nove partes que já mencionei, estão:  Direito e Segurança no Mar; O Mar, Fonte de Energia e Recursos Minerais;  O Mar, Fonte de Alimentos;  O Mar, Meio de Transporte;  O Mar, Ecologia e Turismo; O Mar, Desenvolvimento Sustentável;  O Mar, Ciência, Tecnologia e Inovação;  e  O Mar, Uma Perspectiva Nacional.
 
Todos esses temas foram cuidadosamente tratados, graças ao trabalho, muito bem feito, de 27 consultores, que revisaram os capítulos do livro, e 28 palestrantes que participaram dos dez webinários promovidos pelo Cembra, visando coletar dados  e informações para a 3ª Edição do BMS21.
 
Um aspecto muito importante é que, no final de cada capítulo, o livro apresenta, aos tomadores de decisão do Brasil, importantes sugestões e indicações da comunidade científica, visando um melhor aproveitamento das potencialidades do mar brasileiro.
 
O livro também se configura em subsídio de muito valor a todos os que se dedicam a estudos relativos ao mar, professores, pesquisadores, estudantes, técnicos e até aqueles que, por simples curiosidade, se interessam pelos assuntos abordados.
 
Após a última realização do Cembra, que foi o webinário sobre submersíveis, quais serão as próximas iniciativas da organização?
Nos próximos meses, o Cembra organizará as seguintes atividades:
 
Palestras de curta duração - virtuais, a serem proferidas por renomados especialistas, que abordarão temas ligados ao mar brasileiro;
 
1º Concurso de Redação do Cembra, com o tema A Década do Oceano - qual a sua visão sobre “o oceano que queremos?”, destinado a alunos dos ensinos fundamental [6º ao 9º ano], médio e superior, com a finalidade de desenvolver a mentalidade marítima junto a essa importante parcela da sociedade brasileira.
 
Webinário “Ciência, Tecnologia e Inovação no Mar, com ênfase no desenvolvimento sustentável”;
 
Haverá, ainda, o lançamento do site reformulado do Cembra (www.cembra.org.br), com informações permanentemente atualizadas e com navegação mais amigável;
 
Além de uma nova edição do Informativo Cembra, o InfoCembra 14; e da continuidade do lançamento local, em universidades, da 3ª Edição do Livro “O Brasil e o Mar no Século XXI: subsídios para o aproveitamento sustentável do Mar Brasileiro”.
 
Por que o desenvolvimento econômico do Brasil está atrelado ao mar? Pode-se dizer que o Brasil é inviável sem o mar?
Creio que sim. O Almirante Paulo Moreira da Silva dizia que “O Brasil não é viável sem o mar”. Nossa história sempre foi vinculada ao mar. Fomos descobertos pelo mar; fomos invadidos pelo mar, por países que cobiçavam nossos recursos; e nossa Independência foi consolidada pelo mar. O Brasil participou, pelo mar, das Campanhas do Período Regencial [Cabanada, Balaiada etc], da Guerra da Tríplice Aliança [2º Reinado], e da 1ª e da 2ª Guerra Mundial.
 
O Brasil possui características geográficas, ambientais e econômicas que tornam inquestionável a sua vocação marítima. Temos uma costa de 8.500 km, uma Zona Econômica Exclusiva de 3,6 milhões de km² que, acrescidos de 2,1 milhões de km2 da extensão da Plataforma Continental além das 200 milhas náuticas, incluindo a Elevação do Rio Grande, totalizam uma área marítima de 5,7 milhões de km². Essa área apresenta um grande potencial de riqueza em termos de biotecnologia marinha e recursos vivos e não vivos, além de exercer importante influência em nosso clima.
 
Além disso, 80% da população brasileira vive a menos de 200 km do litoral, onde também se concentram 90% da capacidade industrial e 85% do consumo de energia elétrica. O Brasil possui, no litoral, 17 estados e suas 16 capitais, que respondem por 90% do PIB nacional.
 
A quase totalidade das importações e exportações, vitais para a nossa economia, são feitas pelo mar – cerca de 95% do comércio exterior acontece por via marítima. Do mar, são extraídos energia e alimentos: 90% do petróleo e 80% do gás natural são produzidos offshore e a nossa produção de pescado gira em torno de um milhão de toneladas por ano, perto do limite de captura sustentável.
 
Apesar de tudo isso, o brasileiro ainda não possui uma mentalidade marítima consistente. Embora, em geral, ele reconheça a importância do oceano, concentra o seu interesse no litoral. De fato, o cidadão comum não compreende a real dimensão dos aspectos econômicos, científicos, ambientais e de soberania do nosso mar.
 
A pretensão do Cembra é contribuir para despertar o interesse da sociedade quanto à importância do mar brasileiro e, mais que isso, é contribuir para gerar uma convicção nessa sociedade, que resulte em ações concretas, voltadas para o aproveitamento das potencialidades desse “Mar que nos pertence”, que é o mar brasileiro.
 
Agência Marinha de Notícias
Fonte: Agência Marinha de Notícias
Acesse: https://www.marinha.mil.br/agenciadenoticias/


Conheça a atuação da Marinha no processo de Independência do Brasil

17:04

 Historiador explica como a Força Naval atuou para o fim do domínio português



Às margens do Rio Ipiranga, em 7 de setembro de 1822, D. Pedro I ecoou o grito da Independência, tornando o Brasil livre de Portugal. Nesse período de relações conflituosas, a Força Naval desempenhou um importante papel para impedir a chegada das tropas fiéis à Coroa portuguesa ao Brasil, e para conter as províncias brasileiras aliadas a Portugal, assegurando, pelo mar, a soberania da jovem Nação. Na semana em que se comemoram os 201 anos da Independência, a Agência Marinha de Notícias relembra o fato e conversa com o historiador, Vice coordenador e Professor do Programa de Pós-graduação em Estudos Marítimos da Escola de Guerra Naval (EGN), Capitão de Mar e Guerra Francisco Eduardo Alves de Almeida. O militar é graduado, mestre e doutor em História Comparada, pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, com pós-doutorado pela Universidade de Lisboa. Possui os prêmios “Jabuti”, da Câmara Brasileira do Livro, “Jaceguai” e “Tamandaré”, pelo Clube Naval, “Marquês do Paraná”, pelo Instituto Histórico Geográfico Brasileiro e Universidade Cândido Mendes, e “Dignidade Acadêmica Magna Cum Laudae” em História, pela UFRJ. Com o aprofundamento da crise entre Brasil e Portugal, o único caminho para alcançar a Independência em todo o território brasileiro era o mar. Como a Marinha Imperial contribuiu para impedir a chegada de reforços portugueses? A ação da Marinha Imperial foi fundamental. Primeiramente, por não existirem estradas ligando os diferentes pontos do território do Brasil, o mar era o principal meio de transporte entre as províncias. Com isso, as tropas de Dom Pedro só podiam ser transportadas por mar e a Marinha passou a ser o principal instrumento para isso. Em segundo lugar, houve assistência às ações do Exército Brasileiro, por meio de apoio de fogo naval contra as tropas portuguesas no terreno. Em terceiro lugar, a Marinha dispunha da capacidade de dissuasão, com a ameaça do uso da força provinda do mar, como aconteceu com a resistência que havia no Maranhão. Em quarto lugar, havia a proteção das linhas de comunicação marítimas contra navios lusitanos que tentassem interferir nesse tráfego e, por fim, a função clássica do poder naval, que é o controle ou o domínio do mar. O combate de 4 de maio de 1823 (HIPERLINK: https://www.marinha.mil.br/agenciadenoticias/batalha-naval-de-04-maio-e-mudancas-no-destinodo-brasil), em Salvador, embora inconclusivo, demonstrou a vontade dos brasileiros em se libertar do jugo lusitano e indicou que o preço a ser pago por reforços vindos de Lisboa seria muito alto. 


Quais foram os principais líderes da Marinha que desempenharam papel crucial na luta pela Independência? 

Nos campos político e estratégico, sem dúvida, José Bonifácio, Luís da Cunha Moreira e o Marquês de Barbacena foram os principais expoentes na criação da Armada Imperial. Nos campos operacional e tático, o maior deles foi Lorde Thomas Cochrane, o real fundador da Marinha Imperial quem organizou, treinou, incentivou e lutou lado a lado com aderentes à nossa Independência. Neste ponto, gostaria de me deter um pouco mais. Estudiosos da História do Brasil apontam que Cochrane era, fundamentalmente, um mercenário e não tinha patriotismo. Replico que o conceito de mercenário no século XIX não é o mesmo de hoje. O mercenário no século XIX era aquele que lutava por um ideal e não apenas por dinheiro. Cochrane foi contratado, arriscou sua vida e criou uma Marinha como o espelho do que viveu no Reino Unido, uma marinha moldada pelo herói Lorde Nelson, morto em combate em Trafalgar. Cumpriu a sua missão com valentia e incutiu nos membros daquela Força Naval nascente o espírito da ofensiva, da iniciativa e do destemor em combate que iria se constituir na base do Poder Naval brasileiro. Ele merece ser admitido como herói da Marinha, ao lado de nomes como John Pascoe Grenfell, James Norton e o sempre lembrado, mas ao mesmo tempo esquecido, John Taylor. Eles foram os fundadores de nossa Marinha. 


Como a criação da Marinha de Guerra foi importante para a manutenção da unidade territorial brasileira? 
A criação da Marinha Imperial proporcionou o deslocamento de tropas e poder naval para os diferentes rincões do Brasil. Vale lembrar que, na época, inexistiam estradas e todo deslocamento de pessoas e bens materiais eram realizados por via marítima. Sem o controle das linhas de comunicação, a consolidação da Independência e a manutenção da unidade territorial não seriam possíveis. Províncias distantes como Cisplatina, Bahia, Pernambuco, Maranhão e Pará foram regiões em que houve resistência contra a separação de Portugal. Sem uma Marinha de combate, a Independência não seria realizada e, possivelmente, teríamos dois, três ou quatro países diferentes do que é hoje o Brasil. Alguns anos depois, no Período Regencial, mais uma vez, a Marinha Imperial seria chamada para apaziguar os ânimos exaltados em províncias rebeladas contra o poder central. 

Quais estratégias navais foram utilizadas durante esse período? 

Foram utilizadas quase todas as estratégias navais durante a Guerra de Independência. A primeira, a procura pela Batalha Decisiva quando Cochrane forçou o combate contra a esquadra portuguesa, em 4 de maio de 1823. O conflito provocou, posteriormente, a saída das tropas portuguesas da Bahia para Lisboa, em julho daquele ano. Em segundo lugar, a Guerra de Corso contra os navios portugueses que ainda navegavam nas costas brasileiras durante o período. Em terceiro lugar, a Esquadra em Potência que é a ameaça de utilização do poder naval em determinada circunstância contra uma força substancialmente superior. Esse foi o caso contra uma força lusitana que estava sendo formada em Lisboa para contestar a nossa Independência. A Esquadra em Potência deve se relacionar intimamente com a dissuasão e a mobilidade para ter efetividade, e foi isso o que aconteceu. Por fim, o Bloqueio, que alguns teóricos não incluem como uma estratégia, mas que, segundo percebo, merece menção. Na Independência, Cochrane e seus subordinados utilizaram o bloqueio intensivamente em Salvador, em Recife, na Cisplatina, no Maranhão e em Belém. 

Além da participação direta na Independência, qual o papel da Marinha na construção da identidade nacional pós independência? 

Quando se fala em identidade nacional, deve-se correlacionar com o sentimento de pertencer à Nação brasileira, por parte da população. Em 1822, ainda não existia o sentimento de ser brasileiro. Prevalecia a percepção de pertencer à província e ao Reino Unido de Portugal e Algarves. O sentimento nacional provinha, essencialmente, da elite brasileira que percebia que deveria ser criado, na população daquele território, o sentimento de pertencer a uma nova nação, desvinculada de Portugal. Não à toa, criou-se, em 1838, o Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, com finalidade de escrever a história do Brasil e fundamentar, na população, o espírito de ser nacional brasileiro. As Forças Armadas foram, desde a gênese do Estado brasileiro, instituições permanentes ligadas ao poder governamental constituído, o Império, um dos elementos da Nação. Foram os instrumentos de reafirmação do Brasil independente de Portugal, ao se contraporem às forças lusitanas que lutavam para manter o país unido a Lisboa. As lutas da independência, da Cisplatina, os conflitos regenciais, as questões no Prata e, por fim, a Guerra da Tríplice Aliança reafirmaram essas Forças Armadas como as guardiães do Estado Nacional, atendendo à diplomacia imperial. Assim, o papel da Marinha, em especial, foi fundamental para termos um Estado independente e soberano. 

Por Primeiro Tenente (T) Taise Oliveira

Agência Marinha de Notícias Rio de Janeiro, RJ