Tradições Navais: toques de apito

09:25

Os principais eventos da rotina de bordo são ordenados por toques de apito, utilizando-se, para isso, de um apito especial: o apito do marinheiro. O apito serve, também, para chamadas de quem exerce funções específicas ou para alguns eventos que envolvam pequena parte da tripulação. Ele tem sido, ao longo dos tempos, uma das peças mais características do equipamento de uso pessoal da gente de bordo. Os gregos e os romanos já o usavam para fazer a marcação do ritmo dos movimentos de remo nas galés.
Com o passar dos anos, o apito se tornou uma espécie de distintivo de autoridade e mesmo de honra. Na Inglaterra, o Lord High Admirai usava um apito de ouro ao pescoço, preso por uma corrente; um apito de prata era usado pelos Oficiais em Comando, como "Apito de Comando". Eram levados tais símbolos em tanta consideração que, em combate, um oficial que usasse um apito preferia jogá-lo ao mar a deixá-lo cair em mãos inimigas.
O apito, hoje, continua preso ao pescoço por um cadarço de tecido e tem utilização para os toques de rotina e comando de manobras.
As fainas de bordo, ainda hoje, em especial as manobras que exigem coordenação e ordens contínuas de um Mestre ou Contramestre, são conduzidas somente com toques de apito. Fazê-lo aos gritos denota pouca qualidade marinheira do dirigente da faina e sua equipe.
O Oficial de Serviço utiliza um apito, que não é o tradicional, e serve para cumprimentar ou responder a cumprimentos dos cerimoniais (honras de passagem) de navios ou lanchas com autoridades que passam ao largo; mas, o cadarço que o prende ao pescoço mantém-se como parte do símbolo tradicional.
Os toques de apitos estão grupados, por tipos, em toques de: Continência e Cerimonial, Fainas, Pessoal Subalterno, Divisões e Manobras
Ouça e efetue download de alguns dos toques de apito usados pela Marinha:
acesse o link: http://www.mar.mil.br/menu_v/tradicoes_do_mar/apitos/Cerimonial/cm.mp3

Tradições Navais: Mastro e Convés

04:00





Se alguma autoridade a quem o Comandante esteja subordinado, organicamente (dentro de sua cadeia de comando) estiver a bordo, a flâmula é arriada e substituída pelo pavilhão-símbolo daquela autoridade. A flâmula é trocada nas passagens de comando e em nenhum outro caso é arriada.
Existem conveses com nomes especiais. Um convés parcial, acima do convés principal na proa é o convés do castelo. A denominação é reminiscência do antigo castelo que os navios medievais levavam na proa onde os guerreiros combatiam.
Em certos navios existem mais dois conveses com nomes especiais: o convés do tombadilho, que é o convés da parte alta da popa, e o convés da tolda.
Nos navios grandes o local onde permanece o Oficial de Serviço, no porto, é chamado convés da tolda à ré.
Nele não é permitido a ninguém ficar, exceto o Oficial de Serviço e seus auxiliares.

Tradições Navais: Posições Relativas a Bordo

22:52


As posições relativas ao navio, para assim: se estiver na parte de trás, estará a quem está a bordo, são consideradas ré e se estiver na parte da frente do navio, estará a vante; se estiver voltado para a parte da frente - parte de vante - o lado que fica à direita é chamado boreste e o lado que fica à esquerda é chamado bombordo. A parte da frente do navio é a proa; a parte de trás, Sipopa.
A popa é uma parte do navio mais respeitada q
ue as demais. Nos navios de guerra, todos que entram a bordo pela primeira vez no dia, ou que se retiram de bordo, cumprimentam a bandeira nacional na popa, com o navio no porto. Ela está lá por ser a popa o lugar de honra do navio, onde, já nos tempos dos gregos e romanos, era colocado o santuário do navio, com uma imagem ou "Puppis", de uma divindade. O termo popa é derivado de "PUPPIS".
Os lados do navio são os bordos e o de boreste é mais importante que o de bombordo. Nele, desde tempos imemoriais, era feito o governo do navio por uma estacade madeira em forma de remo, chamada pêlos navegantes gregos de "Staurus".
Os antigos navegantes noruegueses chamavam a peça de "staurr" que os ingleses herdaram como "steor", denominação dada ao remo que servia de leme, e "STEORBORD" ao bordo onde era montado, hoje "starboard". Ao português, chegou como estibordo. Os brasileiros inverteram a palavra para boreste (Aviso do Almirante Alexandrino, Ministro da Marinha) a fim de evitar confusões com o bordo oposto: bombordo.
A palavra bombordo tem vínculo com o termo da língua espanhola "babor" que, por sua vez, parece ter origem ou estar relacionada à palavra francesa "bâbord". Na Marinha francesa os marinheiros que tinham alojamento a bombordo, eram chamados de "babordais" e tinham os seus números internos de bordo pares. Ainda hoje, nanumeração de compartimentos, quando o último algarismo é par, refere-se a um espaço a bombordo, quando é impar, refere-se a boreste.
As marinhas de língua inglesa, ou a elas relacionadas, não utilizam expressões próximas de "bâbord". Balizam o bordo oposto ao do governo de "port", ou seja, o bordo onde não estava o leme e que, por esta razão, ficava atracado ao cais, ao porto; daí a expressão "port", bordo do porto.
O navio é dividido em seções horizontais chamadas conveses. São os pavimentos. Um deles serve de referência para contagem e é chamado convés principal. Os demais são balizados em relação ao principal, para cima, como os conveses da superestrutura; e para baixo, até o porão. Quem neles estiver, nos conveses abertos é considerado como estando no convés ou em uma plataforma.
Os conveses cobertos, do convés principal para baixo, até o porão, são chamados de cobertas. É dito que quem neles se encontra está cobertas abaixo.

Fonte: https://www.marinha.mil.br

Tradições Navais: A Hierarquia Naval

04:00




O Comandante é a autoridade suprema de bordo. O Imediato é o "oficial executivo do navio", segundo do Comandante; é o substituto eventual do Comandante: seu substituto Imediato.
A "gente de bordo" se compõe de Comandante e Tripulação (oficiais e guarnição). O Imediato e oficiais constituem a oficialidade. Os demais tripulantes constituem a guarnição. As ordens para o navio emanam do Comandante e são feitas executar pelo Imediato, que é o coordenador de todos os trabalhos de bordo, exercendo a gerência das atividades administrativas.
No Brasil, o estabelecimento deformação de oficiais do Corpo da Armada, de Intendentes e de Fuzileiros Navais é a Escola Naval. Seus alunos são Aspirantes e dela saem, ao concluírem o curso, como Guardas-Marinha.
A formação de praças é realizada pelas Escolas de Aprendizes-Marinheiros. Os alunos dessas Escolas, após o término do curso, são nomeados Marinheiros.
A unidade de combate naval é o navio. Os Grupamentos de navios constituem as Forças Navais e as Esquadras. Os Almirantes, precipuamente, comandam Forças Navais, grupamentos de navios. Sua hierarquia deve definir a importância funcional do grupamento. Os postos de Almirantes, em sequência ascendente são: Contra-Almirante, Vice-Almirante e Almirante-de-Esquadra.
O Comando dos navios cabe aos Comandantes. A importância funcional do navio deve definir a hierarquia de seus Comandantes. É mantida tradicionalmente a antiga importância dos navios para combate, classificados de acordo com o número de conveses e canhões de que dispunham: as corvetas, com um convés de canhões; as fragatas, com dois conveses de canhões; e as naus com três conveses de canhões, havendo também, a denominação de navios de linha ou navios de batalha, por serem os que constituíam as linhas de batalha. Daí a hierarquia ascendente dos comandantes, como Capitães-de-Corveta, Capitães-de-Fragata e Capitães-de-Mar-e-Guerra.
As funções internas nos navios cabem aos tenentes (em hierarquia ascendente: 2° Tenente, 1° Tenente e Capitão-Tenente) e praças (em hierarquia ascendente: Marinheiro, Cabo, 3º Sargento, 2º Sargento, lº Sargento e Suboficial). Nos navios de maior importância há, ainda, oficiais superiores que exercem funções internas, geralmente na chefia de Departamentos. Navios menores que as corvetas, em geral, são comandados por Capitães-Tenentes.
É interessante notar, entretanto, uma característica ímpar da Marinha: na linguagem verbal, o tratamento normalmente dados aos oficiais da Armada resumem esses nove postos a três: Almirante, Comandante e Tenente.
Fonte: https://www.marinha.mil.br

Tradições Navais: Agulha - Bússola - Cabo

11:57

Diz-se que na Marinha não há corda. Tudo é cabo. Cabos grossos e cabos finos, cabos fixos e cabos de laborar..., mas tudo é cabo.

Existem porém, duas exceções:
- a corda do sino e
- a dos relógios



O navio tem agulha, não bússola.
A origem é antiga. As primitivas peças imantadas, para governo do navio, eram, na realidade, agulhas de ferro, que flutuavam em azeite, acondicionadas em tubos, com uma secção de bambu. Chamavam-se calamitas. Como eram basicamente agulhas, os navegantes espanhóis consideravam linguagem marinheira, a denominação de agulhas, diferentemente de bússolas, palavra de origem italiana que se referia à caixa - "bosso" - que continha as peças orientadas.
De modo geral, o ingresso na Marinha do Brasil, por meio de seus diversos processos seletivos, visa a captação de profissionais de diferentes níveis para atender às necessidades de pessoal da Força, profissionais estes já habilitados ou formados em suas respectivas áreas (médicos, engenheiros, advogados, técnicos etc.), sendo realizados, após o ingresso, os cursos de formação militar-naval em questão (se para praças ou oficiais).
FONTE: https://www.marinha.mil.br

Tradições Navais: CONHECENDO O NAVIO

15:29



Um navio é uma nave. Conduzir uma nave é navegar, ou seja, a palavra vem do latim "navigare", "navis" (nave) + "agere" (dirigir ou conduzir).
Estar a bordo é estar por dentro da borda de um navio. Abordar é chegar à borda para entrar. O termo é mais usado no sentido de entrar a bordo pela força: abordagem. Mas, em realidade, é o ato de chegar a bordo de um navio, para nele entrar.
Pela borda tem significado oposto. Jogar, lançar pela borda.
Significado natural de barco é o de um navio pequeno (ou um navio é um barco grande...). Mas a expressão poética de um barco tem maior grandeza: "o Comandante e seu velho barco" ou "nosso barco, nossa alma". Barco vem do latim "barca". Quem está a bordo, está dentro de um barco ou navio. Está embarcado. Entrar a bordo de um barco, é embarcar. E dele sair é desembarcar. Uma construção que permita o embarque de pessoas ou cargas para transporte por mar, é uma embarcação.
Um navio de guerra é uma belonave. Vem, a palavra, do latim "navis" (nave, navio) e "belium" (guerra).
Um navio de comércio é um navio mercante. A palavra é derivada do latim "mercans" (comerciante), do verbo "mercari" (comerciar).
Aportar é chegar a um porto. Aterrar é aproximar-se de terra. Amarar é afastar-se de terra para o mar. Fazer-se ao mar é seguir para o mar, em viagem. Importar é fazer entrar pelo porto; exportar é fazer sair pelo porto. Aplica-se geralmente à mercadoria.
Encostar um navio a um cais é atracar; tê-lo seguro a uma bóia é amarrar, tomar a bóia; prender o navio ao fundo é fundear; e fazê-lo com uma âncora é ancorar (embora este não seja um termo de uso comum na Marinha, em razão de, tradicionalmente, se chamar a âncora de ferro - o navio fundeia com o ferro!). Recolher o peso ou a amarra do fundo é suspender; desencostar do cais onde esteve atracado é desatracar; e largar a bóia onde esteve é desamarrar ou largar.
Arribar é entrar em um porto que não seja de escala, ou voltar ao ponto de partida; é , também, desviar o rumo na
direção para onde sopra o vento. A palavra vem do latim "ad" (para) e "ripa" (margem, costa).

Tradição Naval: Os compartimentos do navio

04:00


Os compartimentos do navio são tradicionalmente denominados a partir do principal: a câmara. Este é o local que aloja o Comandante do navio ou oficial mais antigo presente a bordo, com autoridade sobre o navio, ou ainda, um visitante ilustre, quando tal honra lhe for concedida. Se embarcar num navio o Comandante da Força Naval, esta autoridade maior terá o direito à câmara.
O navio onde embarca o Comandante da Força Naval é chamado capitânia. Seu Comandante passa a denominar-se Capitão de Bandeira.
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Os demais compartimentos de bordo, conforme sua utilização, ganham denominações com diminutivos de câmara: camarotes, para alojar oficiais, e camarins, para uso operacional ou administrativo; como os camarins da navegação, de cartas e da máquina.
Os navios mercantes costumam ter um camarote à disposição do armador: o camarote do armador.
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Uns tantos compartimentos são chamados de praças: praça de máquinas, praça d'armas, praça de vaporizadores, etc.
Os alojamentos da guarnição e seus locais de refeição são chamados de cobertas: coberta de rancho, coberta de praças, etc.

FONTE: https://www.marinha.mil.br