Paisagens litorâneas são fonte de inspiração para exposição na USP
20:17Um pedaço do litoral invade a USP. Como uma onda artística, a exposição Praia: Paisagem em Processo busca discutir o panorama litorâneo e relacioná-lo com múltiplas vertentes do conhecimento: a história da arte, o cinema, as práticas de pintura, o paisagismo histórico e a ciência em geral.
“Fruto de anos de dedicação, o objetivo da exposição é provocar interesse, inquietação e um prazer visual aos visitantes através da arte”, comenta o professor. Na mostra, obras modernas misturam-se com telas mais antigas do docente, responsável por contribuir com grande parte do acervo exposto. Além disso, reúnem-se trabalhos de artistas e alunos que, segundo Dias Filho, possuem um fascínio pela paisagem litorânea.
A exposição também é um palco de homenagens. Em memória de Esmeralda Navarro — ex-professora de Geraldo -, o professor disponibilizou um espaço no centro da mostra com obras da artista que, segundo ele, simboliza um altar em agradecimento a essa inspiradora de sua obra.
A tinta cheira água salgada
Dividida em dois ambientes, o primeiro dos espaços, a sala de exposição multiuso da biblioteca, abriga trabalhos de docentes, ex-docentes e artistas relacionados à Universidade, como Beralda Altenfelder e Evandro Carlos Jardim. São diversas telas, papéis e madeiras pincelados com muita tinta azul-esverdeada. Para além do mar, retratam embarcações, praias, serras e costas, englobando, assim, todo o universo praiano através da arte.
Afastando-se dos artistas já consolidados, a exposição cria oportunidade para alunos da disciplina Práticas de Pintura I da ECA exibirem seus trabalhos, construídos ao longo do semestre. Há nove anos, estudantes dessa disciplina, beneficiados pela parceria entre o Departamento de Artes Plásticas e o Instituto Oceanográfico (IO) da USP, viajam para Cananeia, cidade litorânea paulista. Durante uma semana, os pintores, usufruindo do contato direto com o litoral, desenvolvem obras relacionadas às paisagens praianas.
Na mostra, as pinturas também cedem espaço aos registros fotográficos. Obras dos fotógrafos Carlos Moreira e Arnaldo Pappalardo se afastam das cores e exibem elementos da paisagem litorânea através de seus cliques em preto e branco. A exposição também ganha forma a partir do trabalho do artista Hugo Fortes. Com maquetes feitas de um material semelhante ao sal-marinho, Fortes mistura tintas e objetos para retratar o oceano.
Arte para todos: o projeto de extensão em Cananeia
De caráter mais experimental, no segundo espaço da exposição encontram-se telas de jovens moradores da região da Cananeia. Embelezando a Sala BNDES, o objetivo de colocá-las em exibição é algo mais positivista, como menciona o professor, na busca de tentar defender um projeto antigo.
Durante os meses de de janeiro e julho, temporada de férias escolares, participantes de um programa de extensão da Universidade desenvolvem um projeto com crianças e jovens moradores da região. Nesse período, os bolsistas adaptam e replicam à comunidade as aulas de Pintura de Paisagem, dadas pelo professor Geraldo durante a graduação.
Segundo o docente, apaixonado por praia e arte, o projeto serve como atitude de resistência e oportunidade aos caiçaras. “Penso que a pintura pode dar uma nova perspectiva à população de jovens que, aos poucos, estão abandonando Cananeia.”
A exposição Praia: Paisagem em Processo acontece até o dia 14 de julho, de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h30, na Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin (Rua da Biblioteca, s/n, Cidade Universitária, São Paulo). Para mais informações, ligue (11) 2648-0310 ou acesse o site da biblioteca.
Fonte: Publicado Originalmente em Jornal da USP 14/06/2017
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