Maré baixa impede atracação de navio chinês em Santos
10:29
Para garantir a segurança devido às condições da maré, a Praticagem do Estado de São Paulo adiou a entrada do navio Kota Permimpin, de bandeira de Hong Kong, nesta terça-feira (18/02). A previsão é que a manobra seja realizada às 13 horas desta quarta (19/02).
Procedente de Singapura, o Kota Pemimpin esteve em portos
chineses nos últimos 30 dias, mas não tem tripulantes suspeitos com o
coronavírus, como garante a Anvisa. A atracação só não ocorreu, segundo a
Praticagem do Estado de São Paulo, por conta das condições da maré.
O caso de dois tripulantes com sintomas de gripe foi
avaliado e descartado como suspeitos de coronavírus pela Anvisa. Mesmo assim, o navio de Hong Kong não
conseguiu atracar porque não havia maré suficiente para ele pudesse deixar a
barra e entrar no Canal do Porto de Santos. O calado é de 14m40 (distancia da
superfície da água até a parte mais baixa do casco do navio) e para entrar é
necessário mais de 15m90.
Carlos Alberto Souza Filho, Presidente da Praticagem do
Estado de São Paulo, explicou: “Temos sensores em tempo real que medem a altura
de maré no Porto de Santos, e esses sensores na maioria das vezes auxiliam a
operação dos navios. Geralmente, temos mais água do que a maré calculada, mas
hoje, ocasionalmente aconteceu de a maré real estar abaixo da maré prevista, em
cerca de 20 cm. Para que o navio navegue com segurança, sem risco de tocar o
fundo e encalhar, precisamos mais do que 15m90”, afirmou.
A primeira previsão para a atração era durante a madrugada,
mas a questão operacional, que ocorre normalmente no Porto de Santos,
justificou o adiamento.
Mesmo com a orientação da Anvisa de que não há contaminados
a bordo, Souza Filho disse que a discussão foi muito salutar entre os
envolvidos e levantou a questão da concessão da livre prática. “O prático é o
primeiro profissional que embarca no navio. Está havendo uma interpretação um
pouco distorcida do Regulamento Sanitário Internacional, do qual o Brasil é
signatário, e que diz que a livre prática é um documento necessário para
autorizar o navio a entrar no Porto, e
depois operar. A interpretação atual é que seria somente a operação, ou seja, a
Anvisa vai a bordo para verificar o pessoal, mas depois que o navio atraque.
Mas antes disso o prático já embarcou lá fora, em um ambiente confinado e em
contato com pessoas que vêm de um local onde está havendo uma epidemia”, alerta
o Presidente da Praticagem.
Souza comenta que é preciso lembrar que a China é um
importante parceiro comercial do Brasil. “Esse é o primeiro navio que está
chegando, mas teremos centenas de navios chegando da China, principalmente
quando iniciar a safra de soja, açúcar, feijão. Precisamos atenção para que
ocorra uma alteração nas normas da Anvisa, para que seus funcionários façam a
inspeção inicial a bordo na área de fundeio de quarentena, existe um local para
isso”.
Equipes do Governo Federal, do Estado e do Município
avaliarão os tripulantes e as condições sanitárias dos navios que chegarem ao Porto
de Santos.
Providências antecipadas
Em janeiro, a Praticagem do Estado de São Paulo solicitou às
agências marítimas e armadores informações sobre a existência de tripulantes de
navios provenientes de regiões de risco com sintomas do coronavírus ou que
embarquem nos portos de Santos ou São Sebastião vindos da China por avião, uma
vez que o vírus pode permanecer incubado por até duas semanas. Além disso,
adotou medidas especiais para garantir a segurança pessoal de sua equipe, como
manter à disposição, na Ponte de Embarque, de Equipamentos de Proteção
Individual como máscaras, luvas especiais e óculos para embarcar nos navios.
Os procedimentos visam aumentar a segurança dos práticos e
da população da região, ao evitar o risco de contaminação e impedir que os
práticos sejam vetores da disseminação da doença.
A partir do Informe apresentado pela Sociedade Brasileira de
Infectologia sobre o coronavírus, e enquanto as autoridades não têm informações
mais precisas, a Praticagem do Estado de São Paulo adotou procedimentos para
evitar o risco de contaminação, uma vez que os práticos realizam o trabalho em
navios que chegam de vários portos internacionais, incluindo os navios
chineses.
Segundo a Praticagem, é importante observar que o tempo de
incubação desse vírus é bem inferior à duração da viagem marítima Brasil-China.
Assim sendo, se algum tripulante tiver sido infectado no dia da saída na China,
provavelmente já chegará em Santos em estado grave. Há, ainda, um potencial
risco na troca de tripulantes de navios em Santos, considerando a possibilidade
de marítimos infectados virem de avião sem que ainda apresentem sintomas.
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