Sinal verde para grandes graneleiros no Rio Amazonas

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Simulações no Tanque de Provas Numérico da USP com a praticagem e as autoridades Marítima e Portuária indicam a possibilidade de entrada de navios New Panamax no porto de Santana e em dois terminais privados que serão construídos no município, no Amapá.

Hoje, atracam no porto embarcações da classe Handysize, de até 203 metros de comprimento e 32 metros de boca (largura), com cinco porões. Um New Panamax tem 240 metros de comprimento e 40 metros de boca, com sete porões. Essa é a geração do Panamax que atravessa o canal mais novo do Panamá, que encurta a viagem para a China e favorece a exportação do agronegócio do Centro-Oeste brasileiro.

Operamos durante décadas com 55 mil toneladas de carga em um navio. Agora, estamos falando em chegar a 80 mil toneladas, quase 50% a mais. Isso é eficiência, sem que se perca em segurança da navegação e proteção do meio ambiente na Amazônia – ressaltou o presidente do Conselho Nacional de Praticagem, Ricardo Falcão, prático na região.

As simulações foram realizadas no laboratório da Escola Politécnica da USP, referência no país. Sete práticos executaram as manobras, contribuindo com a antecipação de problemas e a definição de limites operacionais. Desde 2012, cerca de 200 práticos já participaram de mais de 170 simulações anteriores à implantação de novos portos e operações no Brasil, seguindo norma da Associação Mundial de Infraestrutura de Transporte Marítimo (PIANC), referendada pela Organização Marítima Internacional (IMO).

– A participação da praticagem local é fundamental na definição das premissas da simulação e dos riscos e perigos que devem ser analisados. Como resultado, obtemos parâmetros operacionais mais seguros e realistas do que em simulações feitas apenas com comandantes que não conhecem a região – explicou o coordenador do centro de simulações do TPN-USP, professor Eduardo Tannuri.

O capitão dos Portos do Amapá, comandante Carlos Augusto, destacou a importância da integração dos atores que dão suporte à decisão da Autoridade Marítima nas simulações:

– Dessa forma, definimos os navios tipo mais seguros para os terminais que serão construídos e para o porto, sem as manobras experimentais de antigamente. Antes, os parâmetros eram mais conservadores. Com o simulador, temos uma visão mais parecida do que vai acontecer no futuro.

O Arco Norte é considerado promissor para o escoamento da produção do agronegócio do Centro-Oeste, tendo em vista a proximidade com o Canal do Panamá e investimentos recentes da Praticagem do Amapá, da Marinha do Brasil e do Governo Federal.

Essa produção chega pelo Rio Madeira até Itacoatiara (AM) ou pela BR-163 até Miritituba (PA), de onde segue em barcaças pelo Rio Tapajós para Santarém (PA), Santana (AP) ou Barcarena (PA). A rodovia BR-163 foi concluída recentemente pelo governo. 

A Praticagem do Amapá atua desde Itacoatiara até a saída do Rio Amazonas pela barra norte. Em março, a Marinha atualizou a carta náutica da região, que apresentava alguns trechos ainda da década de 80. A renovação da cartografia revelou um canal mais profundo no trecho lamoso da barra norte, o mais desafiador para a passagem de navios mais carregados.

Além de sondar regularmente as profundidades dos rios da Amazônia, a praticagem instalou marégrafos na barra norte, possibilitando travessias de alta precisão em mais janelas de maré. Os resultados dos investimentos em batimetria e na tábua de marés são verificados nos ganhos do calado máximo autorizado (parte submersa das embarcações), que passou de 11,50 metros para 11,70 metros, em 2018, e para 11,90 metros em 2020 (em testes). A cada vinte centímetros um navio carrega mais duas mil toneladas (carga aproximada de cem caminhões).

Outro investimento da praticagem foi a sondagem do entorno da Ilha de Santana, em frente ao porto, que oferece uma segunda rota para a chegada dos grandes graneleiros pelo Rio Amazonas. 

– Essa parceria é necessária para a consolidação do Amazonas como hidrovia de exportação do agronegócio brasileiro. A praticagem presta um grande serviço para a Amazônia. Com isso, temos segurança para as autoridades Portuária, Marítima e para o usuário do porto – afirmou o presidente da Companhia Docas de Santana, Glauco Cei. 

Para permitir que as simulações tivessem o máximo de realismo, os terminais privados contrataram uma modelagem matemática das correntes do canal de Santana (estudo de escoamento d’água durante todas as marés), além de um extenso trabalho de medição das correntes no local. Foram 529 passagens de uma embarcação com equipamento ADCP (Acoustic Doppler Current Profiler) de última geração.

Também estiveram presentes nas simulações o chefe do Departamento de Avaliação de Parâmetros Operacionais da Diretoria de Portos e Costas da Marinha, comandante Daros; o próximo capitão dos Portos do Amapá, comandante Kaysel; o prefeito de Santana, Ofirney Sadala; a deputada federal Leda Sadala (AP); o senador suplente Paulo Albuquerque (AP); e representantes da deputada federal Marcivania (AP) e do Ministério Público.

7 de agosto de 2020/por Conapra


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