AMAZUL completa 10 anos e assume novas responsabilidades nos programas nucleares

12:11

Newton Costa, Diretor-Presidente da AMAZUL

A Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. – AMAZUL celebra 10 anos de existência neste 16 de agosto de 2023 e consolida-se como um dos principais atores no setor nuclear brasileiro. A empresa desenvolve tecnologias voltadas para garantir a soberania brasileira no mar, melhorar a saúde e a qualidade de vida da população e proporcionar outros benefícios para a sociedade. Os projetos e empreendimentos de que participa têm como objetivo final a construção do submarino convencionalmente armado com propulsão nuclear, a gestão de conhecimento, a geração de energia elétrica, a produção de radio fármacos, o desenvolvimento de dispositivo de assistência ventricular, a conservação e proteção de alimentos, dentre outros. É a maior contratante de engenheiros da área nuclear.

No momento, a AMAZUL prepara-se para assumir novas responsabilidades no Programa Nuclear da Marinha (PNM) e no Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB) e ampliar sua atuação nos mais importantes empreendimentos do Programa Nuclear Brasileiro (PNB).

Em relação ao PNM, a AMAZUL assumirá a gestão contratual e operacional de fases do ciclo do combustível nuclear, denominação do conjunto de processos industriais que transformam o urânio no combustível que gera energia nos reatores nucleares. As novas atribuições da AMAZUL envolverão a prontificação, o comissionamento e a operação da Usina de Hexafluoreto de Urânio (USEXA), onde é feita a conversão do minério beneficiado de urânio em gás, e a revitalização do Laboratório de Enriquecimento Isotópico (LEI) e do Laboratório de Materiais Nucleares (LABMAT).

 A produção em escala do combustível nuclear é um dos dois vetores do PNM. Em relação ao outro vetor, o desenvolvimento de uma planta nuclear de geração elétrica, a AMAZUL já compartilha com a Marinha a gestão contratual da construção do Laboratório de Geração Nucleoelétrica (LABGENE), que será utilizado para validar as condições de projeto e ensaiar todas as condições de operação possíveis para uma planta de propulsão nuclear.

“Com essas novas atividades, a AMAZUL atinge um novo patamar de maturidade tecnológica e se credencia para atuar em projetos complexos no setor nuclear”, afirma o Diretor-Presidente da empresa, Newton Costa.

Quanto ao Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB), a AMAZUL está comprometida com a capacitação de pessoal e a busca de parcerias com empresas para aumentar o grau de nacionalização dos submarinos, que são eixos estruturais do programa, contribuindo, também, para o fortalecimento da base industrial de defesa nacional. Atualmente, por meio de acordos de cooperação técnica, ajuda a desenvolver tecnologias como o sistema integrado de gerenciamento de plataforma e o sistema de combate de submarinos.

Geração de energia

O conhecimento gerado pelo PNM permite à AMAZUL o uso das tecnologias para fins não militares, dentro do PNB, tal como a geração de energia. A empresa atua em projetos voltados para o aumento da oferta de energia, a diversificação da matriz e a segurança energética do País. Junto com a Marinha, contribui para a fabricação de ultracentrífugas destinadas ao enriquecimento de urânio, que é transformado em combustível nuclear pela Indústrias Nucleares do Brasil (INB) e enviado às usinas de Angra. Ainda para a INB, projeta a ampliação da Usina Comercial de Enriquecimento de Urânio (UCEU) em Resende (RJ), dentro do programa da estatal para abastecimento das usinas de Angra com combustível nuclear.
Em parceria com a Eletronuclear, participa do projeto de extensão da vida útil da Usina Nuclear de Angra 1 e está capacitada para participar nos empreendimentos de Angra 2 e Angra 3.

A tecnologia adotada na construção do protótipo do reator nuclear para a propulsão naval no Centro Industrial Nuclear de Aramar (CINA), em Iperó (SP), permite, também, ao País desenvolver pequenos reatores (small nuclear reactors), uma das alternativas mais promissoras para diversificar a matriz energética brasileira, levar energia às regiões mais isoladas e contribuir para a descarbonização do Planeta.

 Medicina nuclear

Na área da medicina nuclear, a AMAZUL participa da implantação de um programa de modernização no Centro de Radiofarmácia do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (IPEN), em São Paulo, que garante a produção e distribuição de radiofármacos para todo o País, contribuindo com a melhoria da qualidade de vida de milhares de brasileiros.

Um dos projetos estratégicos e de grande alcance científico e social nos quais a AMAZUL atua é o Reator Multipropósito Brasileiro (RMB), empreendimento do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), voltado para pesquisa e produção de radioisótopos que são aplicados na medicina, na agricultura, na indústria e em testes de materiais, dentre outros setores. Sua principal função é tornar o Brasil autossuficiente na produção de insumos, hoje importados, para a fabricação de radio fármacos usados no diagnóstico, na prevenção e no tratamento do câncer e outras doenças.

A AMAZUL disponibiliza ao mercado sua metodologia de gestão do conhecimento, que vem sendo implementada, com sucesso, em instalações nucleares ligadas à Marinha, já há oito anos, mas pode ser replicada em qualquer empreendimento, público ou privado, que busque reter, disseminar e proteger o conhecimento.

O modelo já foi implantado em áreas estratégicas do PNM, voltadas para enriquecimento de urânio, gestão do meio ambiente, treinamento, gestão de projetos nucleares e de desenvolvimento de submarinos, pesquisa e inovação, segurança nuclear e saúde, dentre outras, e também em uma organização privada.

A premiada metodologia da AMAZUL foi homologada pelo Ministério de Defesa como produto estratégico de defesa (PED), em setembro de 2021, o que permite à empresa prestar consultoria na área de gestão do conhecimento à Base industrial de Defesa (BID), conjunto de empresas participantes de uma ou mais etapas do desenvolvimento e manutenção de produtos, bens e serviços relacionados à defesa do País.

Como Instituição de Ciência e Tecnologia, a AMAZUL contribui para o desenvolvimento científico e a independência tecnológica do País.

Outros projetos

À medida que ganha expertise na área nuclear e maturidade tecnológica, a AMAZUL prospecta novas oportunidades de negócio. O conhecimento no desenvolvimento das ultracentrífugas, empregadas para o enriquecimento do urânio, pode ser usado em projetos para melhorar a saúde e salvar vidas. Um dos negócios em prospecção é uma parceria com a Fundação Zerbini/INCOR – Instituto do Coração, para o desenvolvimento de um dispositivo de assistência ventricular (DAV), que auxilia o bombeamento de sangue em pacientes com insuficiência cardíaca, que estão à espera do transplante. Com isso, o paciente ganha sobrevida para aguardar novo coração, sem necessidade de recorrer a dispositivos importados de elevadíssimo custo. A produção nacional do DAV poderá atender às necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS).

Em parceria com o Ministério da Agricultura, instituições de pesquisa, o IPEN e a iniciativa privada, a empresa realiza tratativas para a implantação de centros de irradiação industrial no Brasil, notadamente na área de alimentos.

A AMAZUL espera ter participação ativa do Centro Tecnológico Nuclear e Ambiental (CENTENA), núcleo de segurança e sustentabilidade para o setor nuclear. O empreendimento, conduzido pela CNEN, sob a coordenação do Centro de Desenvolvimento da Tecnologia Nuclear (CDTN), terá como objetivo projetar, construir e comissionar um centro tecnológico que, além de armazenar definitivamente os rejeitos radioativos, contará com edificações de apoio operacional e instalações para pesquisa e desenvolvimento tecnológico. A divulgação de atividades do setor nuclear e treinamentos especializados serão também contemplados no centro.

Outro negócio em prospecção pela AMAZUL é o desenvolvimento de pequenos reatores nucleares modulares (SMR), que estão sendo apontados como alternativa para aumentar a geração de energia de forma mais sustentável. O reator nuclear que a Marinha constrói em Iperó, que pode ser usado tanto para a propulsão naval quanto para a geração de energia elétrica, proporciona à empresa o domínio da tecnologia para o futuro desenvolvimento do SMR brasileiro.

Pequeno e modular, esse tipo de reator pode ser montado em escala em fábricas, transportado com facilidade e instalado em locais distantes e não adequados para usinas nucleares maiores. Assim, proporciona economia de custos e de tempo de construção, podendo ser implantado de forma incremental para atender à crescente demanda de energia. Sua configuração permite que os módulos possam atender a várias aplicações, como geração de energia ou de hidrogênio e energia para dessalinização da água do mar, por exemplo. O SMR também pode ser combinado com outras fontes de energia, incluindo fóssil e a renovável.

A contribuição ao meio ambiente também é uma das vantagens do SMR, que pode integrar estratégias de descarbonização e atuar como suporte para aumentar a base de energias renováveis, como a solar e a eólica. Além de ter margens de segurança aumentadas, as usinas baseadas em SMR exigem reabastecimento de combustível com menos frequência.

Ao completar os primeiros 10 anos de existência, a AMAZUL vem superando desafios para realizar sua visão de entregar ao País recursos humanos capacitados, conhecimento e tecnologias nos setores nuclear e de desenvolvimento de submarinos, fiel a seu lema: “Tecnologia Nacional em Benefício da Sociedade”.


AMAZUL e INB assinam contrato voltado para enriquecimento de urânio

14:02

Assinatura de contrato AMAZUL e INB (UCEU)

A Amazônia Azul Tecnologias de Defesa S.A. – AMAZUL assinou quinta-feira (27/7), em Resende (RJ), contrato com a Indústrias Nucleares do Brasil (INB) de prestação de serviços de engenharia para o desenvolvimento do projeto básico referente à segunda fase da implantação da Usina de Enriquecimento Isotópico de Urânio da Fábrica de Combustível Nuclear (FCN). A Fundação Parque de Alta Tecnologia da Região de Iperó e Adjacências (PATRIA) participa como fundação de apoio, realizando a gestão administrativa e financeira do contrato.

A Usina de Enriquecimento Isotópico de Urânio está sendo implantada de forma modular, em duas fases. A primeira, que foi concluída no final de 2022, conta com 10 cascatas de ultracentrífugas em operação, destinadas ao enriquecimento de urânio, que é transformado em combustível nuclear pela INB e enviado às usinas de Angra. O empreendimento permite à INB atender a 70% da demanda das recargas anuais de Angra 1, reduzindo seu grau de dependência na contratação do serviço no exterior para a produção de combustível das usinas nucleares nacionais.

Com a segunda fase de implantação, denominada Usina Comercial de Enriquecimento de Urânio (UCEU), a INB deverá operar com mais 30 cascatas de ultracentrífugas, o que garantirá ao Brasil a autossuficiência no enriquecimento de urânio. A previsão é de que, até o ano de 2033, a empresa tenha capacidade de atender, com produção totalmente nacional, à demanda de combustível de Angra 1 e de Angra 2 e, até 2037, às necessidades de Angra 3.

Para o presidente da INB, Carlos Freire Moreira, esse empreendimento “deve ser motivo de orgulho para todos os brasileiros, visto que o enriquecimento isotópico de urânio é uma tecnologia de ponta e 100% nacional, desenvolvida pela Marinha do Brasil em parceria com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares”.

A parceria com a INB começou em 2015, quando a AMAZUL assinou contrato para a elaboração de projeto conceitual e básico da Unidade de Testes e Preparação de Equipamentos Críticos e Treinamento da Fábrica de Combustível Nuclear.

O diretor-presidente da AMAZUL, Newton Costa, também destacou a importância do projeto, “que contribui para diversificar a matriz e garantir a segurança energética do País com energia limpa, com impactos positivos no enfrentamento das mudanças climáticas”.

Sobre as empresas envolvidas

A AMAZUL foi constituída em 2013 com o objetivo de absorver, promover, desenvolver, transferir e manter atividades do Programa Nuclear da Marinha (PNM), do Programa de Desenvolvimento de Submarinos (PROSUB) e do Programa Nuclear Brasileiro (PNB). A empresa participa de vários empreendimentos, entre eles o desenvolvimento do submarino convencionalmente armado com propulsão nuclear; o projeto do Reator Multipropósito Brasileiro, conduzido pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e pela Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN); o projeto de extensão da vida útil de Angra I, em parceria com a Eletronuclear; e desenvolvimento de dispositivo de assistência ventricular (DAV) para pacientes com insuficiência cardíaca, junto com a Fundação Zerbini – INCOR. Hoje, a AMAZUL é a maior contratante de engenheiros na área nuclear.

A INB atua na cadeia produtiva do minério de urânio, o "ciclo do combustível nuclear", que inclui a mineração, o beneficiamento, o enriquecimento, a fabricação de pó, pastilhas e do combustível que abasteceas usinas nucleares brasileiras. Empresa pública vinculada à Empresa Brasileira de Participações em Energia Nuclear e Binacional (ENBPar), a INB exerce, em nome da União, o monopólio da produção e comercialização de materiais nucleares. Também atua na execução de serviços de engenharia do combustível e na produção de componentes dos elementos combustíveis.

A Fundação PATRIA foi instituída por meio de um convênio entre a Marinha do Brasil, o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação e a Prefeitura de Iperó/SP, tendo por objetivo criar condições para a instalação de indústrias de alta tecnologia na região de Iperó/SP, prioritariamente de empreendimentos da área nuclear.

Fonte: Assessoria Amazul

GRUPO BAP PRESTA APOIO EM SALVAMENTO NA BAÍA DE MACAPÁ

10:48

O Grupo Bacia Amazônica Práticos (BAP), que atua na Zona de Praticagem 01 (Fazendinha/AP-Itacoatiara/AM), apoiou o salvamento de três pessoas que se encontravam em uma embarcação à deriva na Baía de Macapá.

No dia 25 de julho, por volta das 18h, o Grupo BAP foi informado pela Cooperativa Unipilot que a Capitania dos Portos do Amapá (CPAP) solicitara apoio no resgate da embarcação.

Após a chegada dos sargentos da CPAP, Trindade e Maraes, às 19h01min, a praticagem acionou a tripulação da lancha BAP SANTARÉM, composta pelos marinheiros José Alcântara e José Celestino. Juntamente com os representantes da Autoridade Marítima, eles partiram da base em Fazendinha em busca da embarcação.

A embarcação de pequeno porte foi avistada por volta das 19h35min, com dois adultos e uma criança a bordo. Os representantes da Autoridade Marítima efetuaram os procedimentos de primeiros socorros e resgate. Os ocupantes foram, então, transferidos para a lancha BAP SANTARÉM, onde receberam água e alimentação. A lancha retornou a Fazendinha às 21h07min.

Cooperar com atividades de busca e salvamento sempre que solicitada é um dos deveres da Praticagem do Brasil previstos nas Normas da Autoridade Marítima para o Serviço de Praticagem (NORMAM-12/DPC).

O Serviço de Busca e Salvamento, conhecido pela sigla SAR (Search And Rescue), é realizado pela Marinha do Brasil, podendo envolver outros órgãos públicos e a colaboração eventual de entidades privadas, de acordo com a NORMAM-10/DPC.

fonte: Conapra

Impactos diretos da mineração em alto-mar são a destruição do solo e da vida marinha

15:59

Luigi Jovane destaca, porém, a falta de estudos sobre os efeitos ambientais da mineração de longo prazo, o que se conhece são os impactos imediatos nos locais em que é realizada




Todos sabemos que o oceano é rico em uma imensa biodiversidade marinha, mas não é só isso. Ele também oferece uma grande diversidade de minerais em suas profundezas, que já estão sendo garimpados. Esse tipo de trabalho tem um alto custo e muitos riscos. Atualmente, não há mineração em escala comercial no mar e não existe uma técnica específica de mineração marinha, destaca Luigi Jovane, professor associado do Instituto Oceanográfico (IO) da USP.


“Algumas empresas construíram alguns equipamentos e tiveram projeto de pesquisa para estudar técnicas de exploração, mas novas máquinas estão ainda sendo desenvolvidas para otimizar a eficiência e minimizar os impactos causados por plumas em mobilização de sedimento no fundo do mar, que são os maiores riscos. Veículos submarinos operados remotamente podem ser utilizados para localizar os principais locais de extração e coleta no fundo do mar”, diz ele. Empresas, em sua maioria, asiáticas, chinesas e japonesas, estão desenvolvendo os projetos para coletar nódulos polimetálicos com bombas hidráulicas, sistema de mangueiras que levam os materiais extraídos para embarcações ou plataformas na superfície.

A lama vulcânica, as crostas de ferro manganês, os nódulos polimetálicos e os depósitos de sulfeto polimetálico podem ser explorados para extrair elementos e-tech, ou seja, elementos críticos e essenciais para as tecnologias modernas. As fumarolas hidrotermais são ricas em cobre, ouro, chumbo, prata e outros metais preciosos. Além disso, fosforitos, grânulos carbonáceos, lithothamnium e outros tipos de algas marinhas são usados para fertilizantes, suplementos para animais, entre muitos outros usos.

Segundo o professor Jovane, essas amostras são transportadas para o processamento, que pode ser feito diretamente no navio ou com técnicas mais complexas em fases de metalurgia. “Existem vários métodos para cada um desses materiais para coleta. As máquinas que são usadas fundamentalmente são um tipo de draga com um sistema de aspiração, mas existem também outros tipos de técnicas como ultrassom, martelos pneumáticos, que conseguem desagregar e fragmentar as rochas para depois serem levadas à superfície”. O componente da pluma é muito importante porque pode elevar a toxicidade e gerar uma grande quantidade de material em suspensão, que pode ser levado pelas correntes. Isso pode mudar muitas características físicas e químicas da água para grandíssimas distâncias e pode ter impactos que hoje não são conhecidos.

A extração não utiliza materiais tóxicos diretamente para a mineração, mas outros trabalhos trazem riscos. O professor explica que, para a parte de metalurgia, a extração das terras raras e metais das crostas, dos nódulos, é necessária uma grande quantidade de energia e de produtos químicos que são altamente tóxicos e poluentes.

Impactos

Há falta de estudos sobre os efeitos ambientais da mineração de longo prazo em alto-mar. Os impactos mais diretos nos locais de mineração são a destruição das formas naturais do solo e da vida marinha (micro e macrofauna), a compactação do fundo do mar e a criação de plumas de sedimentos que perturbam a vida aquática. O material liberado pode percorrer grandes distâncias. Ele pode sair, por exemplo, do Atlântico Sul e chegar até a Irlanda, o mar do Norte na Europa e ter um impacto gigantesco sobre o clima, a pesca, sobre as condições da água em outro lugar do mundo, porque todas as correntes são interligadas. Além disso, os impactos criam também a poluição sonora, luminosa, efeitos eletromagnéticos ou interrupção de suprimento de larvas, contaminação e alteração do fluxo de fluidos.

Vários impactos ambientais sobre as espécies podem ser detalhados, como o distúrbio na diversidade ecológica. As espécies mais tolerantes sobreviverão, enquanto as menos tolerantes poderão ser extintas. O distúrbio no suprimento de larvas causará o declínio de certas espécies. Mais importante ainda: o habitat dos organismos bentônicos (micro ou macro) poderia ser destruído, pois seu substrato seria extraído. As fumarolas hidrotermais contêm um habitat próspero, a menos que não sejam realizados estudos e pesquisas cuidadosos antes da mineração.

A Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (ISA, International Seabed Authority), organização internacional estabelecida de acordo com a Convenção das Nações Unidas sobre o Direito do Mar, decide a quem (país ou empresa) e sob quais condições o contrato de exploração deve ser concedido. Os contratos de licença de exploração da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos são bem explicados e seu objetivo é estudar todos os aspectos da mineração em mar profundo, com foco especial nos impactos ambientais. Até o momento, não há contratos de exploração (comerciais) concedidos pela ISA.

Publicado: Sexta, 07 Julho 2023

Fonte: Jornal da USP

Praticagem de São Paulo comemora 90 anos da fundação oficial

15:24

Chuva, vento, marés altas e outras condições adversas fazem parte dos desafios enfrentados diuturnamente pelos práticos para realizar as manobras dos navios nos portos de Santos e São Sebastião.


A Praticagem de São Paulo, que neste mês de junho celebra 90 anos de fundação oficial,  é padrão de referência no Brasil, na América Latina e no mundo. E não por acaso. A região exige expertise dos profissionais, equipamentos de última geração e antecipação dos desafios. 

Condições ambientais inesperadas, como um vento acima do limite, também podem ocorrer no meio da manobra, assim como emergências, como um leme travado, falha de máquina ou apagão do navio. Tudo isso acontece em áreas mais restritas à navegação, em meio a prédios nas margens do canal, praias e reservas ambientais.

Com o moderno Centro de Coordenação, Comunicações e Operações de Tráfego e monitoramento do tráfego marítimo em tempo real das operações, batimetria e a utilização do sistema Redraft para determinação do calado dinâmico, a Praticagem de São Paulo tem otimizado o canal da navegação com manobras casadas e seguras, contribuindo para alavancar o constante crescimento do Porto de Santos, permitindo que  os navios carreguem mais e demorem menos tempo para entrar e sair do complexo.

Trabalho nota 10

Em todos os portos do mundo em que as características e as peculiaridades locais dificultem a livre e segura navegação dos navios, é necessário um profissional especializado que conheça profundamente a geografia local, o comportamento das correntes marítimas, os perigos da navegação (pedras, altos fundos, bancos de areia), as características dos ventos, das correntes de maré. 

Em nossa região, a Praticagem de São Paulo representa esse universo, com seus profissionais experientes assessorando os comandantes a conduzir o navio em segurança, o mais longe possível de perigos e obstáculos. A fundação oficial da Praticagem de São Paulo ocorreu no dia 27 de junho de 1933, quando o Ministro de Estado dos Negócios da Marinha, Almirante Protógenes Pereira Guimarães, assinou o Aviso nº 2.195 constituindo a Associação dos Práticos da Barra e Canal do Porto de Santos.

Desde que começaram o comércio marítimo e as navegações com navios se deslocando em diferentes lugares, sempre existiu esse profissional. Hoje o prático tem que ser uma pessoa extremamente qualificada, não apenas um técnico nesse conhecimento local, mas nas tecnologias e aumento das dimensões que os navios incorporaram.

O prático vai a bordo para evitar acidentes ou otimizar as consequências dos inevitáveis, que podem provocar a poluição ambiental, mortes, danos ao patrimônio público e privado e fechamento de um porto com muitos prejuízos econômicos. Por isso os práticos estão em treinamento constante, inclusive em centros internacionais, e atualizados com as inovações tecnológicas, além de conhecer o vento, as marés e as correntes da região em que atuam.

Em 6 de novembro de 2015, a Câmara Municipal de Santos prestou homenagem à Praticagem de São Paulo pelos serviços à comunidade, “realizando as manobras com agilidade e grau de excelência comparáveis aos mais modernos e importantes portos do mundo, apesar das conhecidas restrições geográficas do canal de Santos”. E o Dia da Praticagem foi oficializado pelo Decreto Lei 3294 de 2016, da Prefeitura Municipal.

A Praticagem de São Paulo é respeitada internacionalmente pela agilidade no setor marítimo. Em 2020, os práticos Fábio Abreu e Márcio Teixeira receberam o Prêmio IMO por Bravura Excepcional no Mar, reforçando um trabalho que prima 24 horas pela segurança no mar e da comunidade.

Como uma orquestra

Fábio Mello Fontes, Presidente da Praticagem de São Paulo é prático há 54 anos, mas antes disso já atuava no Porto de Santos pela Marinha Mercante. Ele lembra que a Praticagem é universal, existe para proteger as instalações portuárias, o meio ambiente a vida humana e a comunidade: “É uma profissão milenar que exige aperfeiçoamento constante, inclusive das novas tecnologias que os grandes navios vêm incorporando. Costumo comparar o nosso trabalho à regência de uma orquestra de peso, em que é preciso conhecer e administrar os desafios”.

Quando falamos em praticagem hoje, falamos em moderna tecnologia e inovação que alavancam a expertise dos práticos a serviço da segurança dos navios que chegam ao complexo santista, cada vez maiores em dimensões e volume de cargas. O Porto de Santos tem uma média de 34 manobras por dia, sendo que algumas dessas manobras utilizam dois práticos em navios de grandes dimensões.

Manobras casadas


Conduzindo navios cada vez maiores e otimizando as operações, a Praticagem de São Paulo contribui para que os portos de Santos e São Sebastião continuem a bater recordes de movimentação de cargas, essenciais para o desenvolvimento do Brasil.

As manobras com navios especiais ou manobras casadas são eventos críticos, em que a pontualidade em cada etapa e as velocidades de execução são fundamentais pela complexidade de coexistirem dois navios gigantes num mesmo espaço restrito, com potencial interação hidrodinâmica envolvida. “Nossa missão é dar toda segurança para as operações, com monitoramento em tempo real, evitando berços de atracação vazios e navios aguardando. Se as condições estão dentro das normas locais, o período de ociosidade dos berços tem sido reduzido”, comenta Fontes.

E novos desafios virão. A Praticagem de São Paulo antecipa o futuro e os práticos foram treinados em grandes centros internacionais de simulação para operar os navios de 366 metros que em breve chegarão ao Porto de Santos. 

O presidente da Praticagem também reforça a ligação importante que a Praticagem de São Paulo faz questão de manter com a comunidade da região, seja através de parcerias na área educacional para ampliar a capacitação dos trabalhadores do Porto, seja com doações para instituições sociais e investimentos para garantir a excelência do trabalho. 

Para Fontes, sempre é tempo de celebrar uma atividade essencial, realizada em parceria com toda comunidade marítima da região: “Nós, como todos os santistas, nos orgulhamos de fazer parte dessa engrenagem fantástica que é o Porto de Santos. Temos a maior fronteira do Brasil com o mundo, daqui entram e saem navios de todas as regiões”.

Fonte: Praticagem de São Paulo


Fragata Liberal chega ao Porto de Santos em Celebração ao Dia da Marinha

19:32

 Fragata Liberal


Como parte das comemorações do Dia da Marinha, a Fragata Liberal chega ao Porto de Santos no dia 23 de junho. O Navio estará aberto à visitação pública gratuita, proporcionando uma excelente oportunidade para a população da Baixada Santista conhecer o navio e as tradições marinheiras.

A Fragata, que participará de uma missão de combate à pirataria no Golfo da Guiné (África), tem o propósito de conduzir ações da guerra naval e realizar o controle de áreas marítimas, desempenhando um papel importante na defesa das nossas águas, notadamente da “Amazônia Azul”, garantindo a soberania nacional e a segurança marítima.

- Características do Navio

Comprimento total: 129,2 metros

Deslocamento carregado: 3.200 toneladas

Tripulação: 209 militares, sendo 22 Oficiais e 187 Praças

Velocidade Máxima: 30.5 nós (cerca de 57 Km/h).


- Visitação Pública à Fragata “Liberal”


Local: Cais da Marinha, s/nº - Porto de Santos

Data: 25 de junho de 2023 (domingo)

Horário: 09h às 16h30

Entrada: Gratuita.

A Marinha do Brasil e a Sociedade Amigos da Marinha (Soamar-Santos) convidam a população que, voluntariamente, queiram contribuir com a doação de fraldas descartáveis (geriátricas e infantis) e alimentos não perecíveis, poderão fazê-lo no dia da visitação pública. O material arrecadado será doado para instituições beneficentes da Baixada Santista.


Dissertação de mestrado avalia variações ambientais na zona marinha do sul do Brasil

11:29

 ACÚMULOS DE LAMA NO FUNDO DO OCEANO PODEM SERVIR COMO REGISTRO DAS TRANSFORMAÇÕES DO PLANETA AO LONGO DO TEMPO GEOLÓGICO


No dia 03 de maio, a mestranda Caroline Aparecida Pereira Dias, do Instituto Oceanográfico da USP (IO-USP), defendeu a dissertação “Avaliação de variações ambientais através da composição elementar de sedimentos de mudbelts da plataforma continental sul do Brasil”. O trabalho se baseia na análise do material recolhido durante as expedições do navio oceanográfico Alpha Crucis ao longo da costa sul do Brasil, evento que foi noticiado no ano de 2019, em uma matéria da Agência Universitária.

As plataformas continentais são extensões submersas dos continentes que vão desde a zona costeira até a profundidade de aproximadamente 200 metros. Sujeitas a diferentes eventos e processos, causados tanto pelo ser humano como pela natureza, essas plataformas podem acumular diferentes tipos de sedimentos sobre suas superfícies, como os mudbelts – cinturões de lama, traduzido para o português. 

A partir da análise da composição química destes materiais, o estudo da mestranda conseguiu verificar as variações ambientais que ocorreram ao longo de, aproximadamente, dez mil anos e que correspondem a duas épocas geológicas: o Holoceno, nome dado para o intervalo que se inicia 11,7 mil anos atrás; e Antropoceno, nomenclatura proposta para o período dos últimos dois séculos, caracterizado pela intensa e crescente interferência humana nos ambientes naturais. 


Além disso, um outro fator que influenciou nos resultados da mestranda é a proximidade dos materiais recolhidos com o Rio da Prata. De acordo com Caroline, esse cenário pode ter relação com o fluxo de compostos provenientes de atividade humana na América Latina que foram depositados nesse rio: “Nós realizamos medições em testemunhos ao longo de todo litoral sul do Brasil e percebemos que quanto mais próximo do sul, ou seja, quanto mais próximo do Rio da Prata, mais alterações de origem antrópica havia na composição dos metais”. 


Segundo a pesquisadora, até mesmo compostos emitidos para a atmosfera podem influenciar os mudbelts. Para exemplificar isso, ela cita a grande utilização de compostos enriquecidos em chumbo na gasolina consumida na América do Sul entre as décadas de 1930 e 1990: “Há estudos que indicam que esse chumbo foi para atmosfera e acabou sendo depositado no oceano.”


Caroline finaliza que as alterações observadas nos mudbelts servem de testemunho da interferência humana na zona marinha do sul do Brasil. A mestranda, garante, porém, que as concentrações de metais encontradas ainda não indicam níveis de contaminação na região, nem possíveis consequências negativas para os ecossistemas marinhos.

Após a análise e a separação dos sedimentos retirados durante a expedição, foram notadas alterações correspondentes tanto a eventos naturais, quanto a eventos oriundos de intervenções humanas. Sobre os impactos antrópicos, a mestranda ressalta que várias atividades humanas, como a queima de combustíveis fósseis, a descarga de efluentes industriais e domésticos e a mineração, podem ter provocado variações nestas plataformas: “Observamos o enriquecimento de alguns metais presentes nos mudbelts desde a década de 1930, o que pode estar associado ao início da Revolução Industrial no Brasil”.

Fonte: AUN USP