Principais nomes do setor portuário se reúnem no Sudeste Export

19:13

Fórum regional acontece em São Paulo nos dias 19 e 20 deste mês; inscrições para acompanhar a programação online são gratuitas e já estão abertas


São Paulo recebe nos dias 19 e 20 de outubro o Sudeste Export, um fórum que reúne os principais nomes ligados ao setor portuário, de infraestrutura, logística e multimodalidade. 


O evento tem como objetivo debater os aspectos ligados a esse setor que é fundamental para a economia do país, já que 95% do escoamento de todas as exportações nacionais se dão através dos portos. Dada a sua importância, toda a atividade portuária foi considerada essencial durante a pandemia do novo coronavírus. 


Durante esses dois dias ocorrerão palestras e painéis que terão transmissão via Zoom. As inscrições para os debates são gratuitas e é necessário apenas se cadastrar pelo site https://forumbrasilexport.com.br/sulexport/ para receber o link de acesso e assistir.

O evento ocorrerá de forma híbrida. Um grupo restrito de participantes estará no Tivoli Mofarrej, na região da avenida Paulista, de onde serão organizados os painéis e geradas as imagens. Alguns palestrantes e painelistas participarão presencialmente, e outros, de forma remota, via Zoom. O público poderá acompanhar tudo online.


Foram convidados para o evento representantes dos governos dos Estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo; além de integrantes do governo federal; tais como do Ministério da Infraestrutura; Antaq (Agência Nacional de Transportes Aquaviários) e PPI (Programa de Parcerias de Investimentos). A lista de nomes de integrantes de entidades inclui desde colegiados nacionais, tais como CNT (Confederação Nacional dos Transportes); Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo); até específicos do setor portuário (veja lista de patrocinadores no final). Dirigentes de portos  nacionais e internacionais, tais como os de Antuérpia (Bélgica) e Valência (Espanha), também estão na lista de convidados.


O evento conta com apoio institucional do Ministério da Infraestrutura.


Painéis e programação

Entre outros temas, os painéis debaterão o seguinte: interconectividade logística entre os portos da região; multimodalidade; caminhos para a desestatização; modelos internacionais; impacto comercial; necessidade de ajuste fiscal e reforma tributária; e  industrialização do agronegócio e sua importância na balança comercial. Cada um desses painéis contará com um apresentador, um moderador e convidados.


A programação terá início na manhã do dia 19 (segunda-feira). Ele será reservado palestra tecnológica ligada ao Brasil Hack Export, o evento de inovação ligado ao Fórum (leia mais abaixo), anúncio do vencedor da etapa do hackathon, apresentações de patrocinadores (empresas e associações da área), solenidade com presença de autoridades e a palestra de abertura pelo secretário-executivo do Ministério da Infraestrutura, Marcelo Sampaio. O segundo dia, no dia 20 (terça-feira), será reservado aos painéis, e solenidade de encerramento.


Curadoria

A formatação desses fóruns conta com o papel fundamental dos conselheiros do Brasil Export. São cerca de 150 personalidades de notório saber em suas áreas, predominantemente logística portuária e comércio exterior, que ajudam a definir os temas mais relevantes e indicam nomes para participar dos debates. 


O presidente do Conselho Nacional do Brasil Export é o consultor portuário José Roberto Campos, uma das principais referências do setor no Brasil e no exterior. Ao comentar sua expectativa para o evento, Campos lembrou do sucesso das edições regionais realizadas até aqui e ressaltou que, em sua origem, o Fórum Brasil Export era denominado Santos Export por ter como base de discussão o porto do litoral paulista, o maior complexo portuário da América Latina. E ele se mostra otimista com a amplificação desse debate para toda a região.


“O Sudeste Export não vai só estar lincado ao porto de Santos mas a todos os portos do Sudeste, bem como suas logísticas terrestres e marítimas. Teremos sem dúvida alguma um evento de alta qualidade e com pessoas muito importantes participando. Podemos, dessa maneira, colher o que necessitamos fazer para oferecer uma melhor logística e saber quais são as soluções que esse grupo de especialistas poderá propor aos governos federal, estadual e municipal. Tenho certeza de que será outro grande sucesso”, afirmou o presidente do Conselho do Brasil Export.


Em São Paulo o anfitrião do Sudeste Export será Henry Robinson, presidente do Conselho do Sudeste Export. 


Fóruns Regionais de Logística e Infraestrutura Portuária

O Sudeste Export é um dos fóruns regionais do Brasil Export, que terá um grande encontro nacional nos dias 23 e 24 de novembro próximos, em Brasília. 

Por sua vez, o Fórum Brasil Export é a nova formatação de um evento anterior, restrito a debater as questões do porto de Santos e que contou com 17 edições. A visão do Brasil Export, como o próprio nome diz, é a de amplificar o debate das questões de infraestrutura e logística portuária para todas as regiões, respeitando suas diferenças locais e especificidade de modais. Antes dos fóruns regionais, foram realizadas 100 lives entre abril e setembro de 2020, no período da pandemia do novo coronavírus.


Paralelo a essa atuação, e mesmo antes das restrições impostas pelo Covid-19, o Brasil Export se tornou referência do setor devido à presença constante no ambiente virtual, disponibilizando conteúdos relevantes em seus canais de informação, seja no site, ou redes, tais como Facebook, Instagram ou Linkedin.


Esse é o terceiro fórum regional realizado neste ano. Os outros dois foram o Norte Export, os dias 28 e 29 de setembro, no Macapá (AP), e o Sul Export, realizado entre os dias 5 e 6 de outubro, em Curitiba, no Paraná. Outros dois fóruns regionais devem acontecer ainda neste ano: o Nordeste Export, entre os dias 26 e 27 de outubro, no Recife (PE); e o Centro-Oeste Export, previsto para os dias 9 e 10 de novembro, em Cuiabá (MT).

O poder de mobilização do fórum pode ser traduzido pela participação de 8 dos 9 governadores do Norte, além de autoridades, grandes empresários e integrantes do governo federal, tais como o secretário Nacional dos Portos e Transportes Aquaviários do Ministério da Infraestrutura, Diogo Piloni.


Brasil Hack Export

Como um fórum amplo de debates sobre os vários aspectos da logística e infraestrutura, o Fórum Brasil Export também estimula a criação de novas tecnológicas e inovações que venham a contribuir para encontrar soluções para carências do setor. Para isso, criou o Brasil Hack Export, uma maratona de hackathons que tem como princípio unir a cadeia logística aos criativos. Em cada encontro regional do Brasil Hack Export é realizada uma etapa dessa maratona tecnológica e que propõe um desafio e oferece prêmio em dinheiro para o vencedor da etapa. Os três melhores são selecionados para a final, que acontece junto com o Fórum Nacional, em Brasília.


No caso da etapa Sudeste do Brasil Hack Export, o desafio é o de ferrovias. A solução perseguida é a de melhorar a eficiência da comunicação nas operações com vagões na Portofer, empresa que administra a ferrovia dentro do porto de Santos. O desafio conta com a participação das áreas de inovação da Rumo, MRS e VLI.


Inscrições

Os debates das etapas regionais do Fórum Brasil Export serão 100% online e gratuitos. Para participar, basta realizar a inscrição no site www.forumbrasilexport.com.br e aguardar a confirmação pelo mail. A transmissão será feita pelo aplicativo Zoom. 


Para saber mais como participar do Brasil Hack Export, o evento de inovação ligado ao Fórum Brasil Export, acesse https://www.brasilhackexport.com.br/


Patrocinadores

Alemoa S.A., BTP, CNT, CODESA, CDRJ, DP World, Ecoporto Santos, Eldorado Celulose, Piacentini do Brasil, Porto do Açu Operações, Praticagem do Brasil, Sammarco Advogados Associados, Santos Brasil, SOPESP, T-Grao, Unimed Santos


Serviço

Sudeste Export – Fórum Regional de Logística e Infraestrutura Portuária

Data: de 19 a 20 de outubro

Local: evento online

Inscrições: gratuitas e podem ser feitas no site https://forumbrasilexport.com.br


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Delegacia Fluvial de Furnas apoia adestramento de operações ribeirinhas no Lago de Furnas

16:06

 


Militares participam do adestramento de operações ribeirinhas no Lago de Furnas
 
Entre 21 de setembro e 2 de outubro, a Delegacia Fluvial de Furnas (DelFurnas) prestou apoio ao adestramento de operações ribeirinhas realizado pelo 3º Batalhão de Infantaria de Fuzileiros Navais e pelo Grupamento de Fuzileiros Navais do Rio de Janeiro, no Lago de Furnas (MG).
 
Na ocasião, a tropa de Fuzileiros Navais, que contou com um total de 290 militares, realizou adestramento nas técnicas de transposição de cursos d’água, batimento de margens e incursões terrestres, entre outras, e incrementou as atividades de inspeção naval, a partir de instruções teóricas e práticas de segurança. A oportunidade serviu para testar a ação e prontidão em situações de emergência, bem como para analisar a capacidade logística diante de um cenário hipotético potencialmente adverso.
 
O apoio logístico viabilizado pela DelFurnas ao adestramento, que ocorreu de forma inédita no Lago de Furnas, foi essencial para maximizar o emprego de técnicas e táticas pelos militares, que contaram com a estrutura necessária para que as atividades transcorressem de forma dinâmica e flexível.
 
Durante esse período, a presença dos militares elevou a sensação de segurança da população na região, ratificando a boa interação da Marinha com as instituições locais. Em proveito da ocasião, foi prestada assessoria de segurança orgânica preliminar à empresa Furnas S.A., para verificar as vulnerabilidades da barragem da represa. Além disso, foi realizada uma ação de presença em apoio à Polícia Militar do Estado de Minas Gerais, no município de Capitólio (MG) e, ainda, efetuada uma ação cívico-social, com a revitalização de duas quadras poliesportivas, no município de São José da Barra (MG).
 
 
As operações ribeirinhas são constituídas por uma Força-Tarefa composta por Forças Navais, Aeronavais e de Fuzileiros Navais, sendo realizadas em ambientes fluviais ou lacustres e em terrenos marginais adjacentes, tendo como propósito obter e manter o controle de parte ou de toda uma área - ou negá-la ao inimigo. Os adestramentos possuem a finalidade de preparação para exercícios ainda mais complexos, que geralmente ocorrem na Amazônia e no Pantanal.
 
Todos os procedimentos sanitários e medidas preventivas recomendadas pelos Ministérios da Defesa e da Saúde, bem como pela Diretoria de Saúde da Marinha, foram adotados, a fim de evitar a disseminação da Covid-19.

Fonte: Marinha do Brasil

Navio Polar “Almirante Maximiano” realiza Comissão de Homologação do Envelope de vento do novo modelo de aeronave UH-17

16:04

 


Aeronave “Águia 90” realiza faina de Vertrep
 
No período de 8 a 10 de outubro, o Navio Polar “Almirante Maximiano” recebeu o novo modelo de aeronave UH-17 “Águia 90” para a realização da homologação do envelope de vento. Durante o período, foram realizadas 49 Qualificações e Requalificações para o Pouso a Bordo (QRPB) e nove fainas de Vertrep, testando o desempenho do UH-17 no envelope proposto pelo Centro de Análises de Sistemas Navais.
 
O treinamento foi importante para o binômio “aeronave x navio” e serviu como preparação final para a próxima operação no continente Antártico (39Operantar), que será a primeira a ser realizada com esse modelo de aeronave.
 


Decolagem da nova aeronave UH-17 do Navio Polar “Almirante Maximiano”


fonte: Marinha do Brasil

Sul Export: especialistas defendem agilidade na dragagem

09:58

 

A necessidade de se facilitar e agilizar os processos para manutenção e aumento das profundidades nos portos foi o ponto central do painel “Dragagem permanente visando ganhos operacionais dos portos”, realizado, na segunda-feira (05/10), no Sul Export, em Curitiba. A edição regional do Fórum Nacional de Logística e Infraestrutura Portuária (Brasil Export) conta com o apoio da Praticagem do Brasil.

O prático João Bosco, diretor do Conselho Nacional de Praticagem (Conapra) e conselheiro do Sul Export, abriu e fechou o painel:

– Está iniciado o debate. Dragagem é um assunto muito complexo e realmente precisamos de celeridade. Mas essa discussão passa por uma escolha: qual limite o porto suporta? Podemos investir em dragagem querendo sempre aumentar o calado de operação, mas a natureza pode não corresponder da mesma forma e em algum momento vai dar problema. Um acidente pode fechar o porto e parar a economia.

O diretor de Operações e Logística do Porto de São Francisco do Sul, Reinaldo Ferreira Lima, ressaltou que um porto público tem amarras legais para contratar serviços de dragagem. Segundo ele, o processo é muito complexo e envolve entes públicos e privados, “um rito que retarda e até inviabiliza a contratação”. A Baía da Babitonga, disse, apesar de ser privilegiada por natureza, também exige a manutenção das dimensões do canal de acesso e a falta de uma dragagem periódica elevou em dois milhões de metros cúbicos a quantidade de sedimentos que precisará ser dragada.

O diretor-presidente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina, Luiz Fernando Garcia da Silva, apontou, além da burocracia na contratação, outras duas dificuldades no início e no fim do processo de dragagem: o licenciamento ambiental prévio e a homologação.

– Por sorte, temos um contrato longo de manutenção nos portos do Paraná. Hoje, estamos com sete equipamentos na água – afirmou.

Júlio Cesar de Sousa Dias, da Secretaria Nacional de Portos de Transportes Aquaviários do Ministério da Infraestrutura, disse que o governo federal tem procurado dar mais autonomia às autoridades portuárias para contratação de serviços de dragagem, seguindo o lema “Mais Brasil, menos Brasília”.

O consultor do Conselho Deliberativo da Associação Brasileira dos Terminais Portuários (ABTP) e Conselheiro do Sul Export, Wilen Manteli, defendeu que dragagem deveria ser a primeira obrigação de qualquer administrador de porto. Ele sugeriu que os conselhos das autoridades portuárias fiscalizem o dinheiro público aplicado em dragagem.

– O canal de acesso é o coração do porto – afirmou.

O superintendente de Segurança da Navegação do Centro de Hidrografia da Marinha, capitão de fragata Cesar Reinert Bulhões de Morais, abordou os principais problemas dos levantamentos hidrográficos de fim de dragagem, que são apresentados pelas empresas e aproveitados para atualização das cartas náuticas. Apesar disso, ele disse que o cenário já é muito melhor.

O painel sobre dragagem foi moderado pelo consultor em Infraestrutura Logística e Portuária e conselheiro do Sul Export, Juarez Moraes e Silva, que chamou os práticos de “verdadeiros anjos da guarda do mar”.

Sul Export

O primeiro dia do Sul Export contou também com as presenças do CEO do Brasil Export, Fabrício Julião; do presidente da ABTP e do Conselho do Sul Export, Jesualdo Silva; do secretário Nacional de Portos e Transportes Aquaviários, Diogo Piloni (à distância); do diretor executivo da Associação Brasileira dos Terminais e Recintos Alfandegados (ABTRA), Angelino Caputo; e do secretário executivo do Conapra, Arionor Souza, que foi convidado para ser conselheiro do Sudeste Export em 2021.

Fonte: Praticagem do Brasil

Imagens: Jackson Mendes

Mar profundo, a região mais inexplorada do planeta Terra

15:59

Por Tássia Biazon, pesquisadora, e Paulo Sumida,

professor do Instituto Oceanográfico da USP

Se há um lugar no planeta que ainda é pouco conhecido pelo ser humano, este lugar é o mar profundo, região oceânica que começa no fim da plataforma continental, a cerca de 200 m de profundidade, e chega até quase 11000 m. Explorar “lá embaixo” não é trivial. Para se ter uma ideia, o ponto máximo que algum ser humano já mergulhou, com auxílio do cilindro de ar comprimido, foi a 332 m – recorde do egípcio Ahmed Gabr em 2014. A partir daí, só tecnologias sofisticadas para dar conta desse imenso desafio, como os submersíveis. Entretanto, dentre as quase oito bilhões de pessoas no planeta, apenas cinco atingiram a Fossa das Marianas, o ponto mais profundo dos oceanos (Don Walsh e Jacques Piccard em 1960, James Cameron em 2012 e Victor Vescovo e Kathy Sullivan em 2020). E como é o azul profundo? A luz é escassa a partir de 200 m e a escuridão é total abaixo dos 1000 m. A pressão aumenta 1 atmosfera (1 kg/cm2) a cada 10 m. A salinidade fica em aproximadamente 1028 g/l. A temperatura é baixa e homogênea, em torno de 4ºC. Com exceção de algumas áreas específicas, o oxigênio disponível aos organismos é alto na maior parte do mar profundo. A diversidade de vida é gigantesca: a estimativa é que o número de espécies ainda desconhecidas ultrapasse 1 milhão! Logo, não é à toa quando dizem que o ser humano conhece melhor a superfície lunar do que o fundo do mar.

A impressão de que há pouco a ser explorado no fundo do mar é um engano. Composto de um mosaico de ambientes como talude continental, planícies abissais, fontes hidrotermais, exsudações frias, montes submarinos e recifes de corais, o mar profundo é extraordinariamente importante pois abriga uma incrível biodiversidade; esconde riquezas minerais como cobre, zinco, cádmio, chumbo e até ouro e prata; constitui uma importância singular para o clima global; realiza o sequestro e a estocagem de carbono e a regeneração de nutrientes; além de mexer com imaginário das pessoas há muito tempo. O maior sistema tridimensional da Terra e o menos conhecido de todos, com cerca de 360 milhões km2 de área e mais de 1 bilhão de km3 de volume. Ao contrário do ambiente aéreo, todo o volume do oceano é ocupado por vida abundante.

Em laboratórios no continente ou em alto-mar, cientistas brasileiros realizam importantes pesquisas sobre ecossistemas localizados quilômetros abaixo da superfície azul. E as principais informações obtidas desse até então desconhecido ambiente foram organizadas em um livro que será publicado pela Springer, denominado Brazilian Deep-Sea Biodiversity (“Biodiversidade do mar profundo brasileiro”, em tradução livre).

“O oceano profundo é o ecossistema mais amplo da Terra”, é a primeira frase do seu prefácio, que incita a curiosidade sobre o que está guardado em tais profundezas. Com exclusividade, o livro retrata a biodiversidade existente em diferentes habitats de mar profundo da margem continental brasileira, aspectos da sua conservação, as ameaças que vem sofrendo e outras potenciais que poderão ser importantes no futuro não tão distante. Ele foi editado por Paulo Sumida, professor titular do Instituto Oceanográfico (IO) da USP, Fábio De Léo, pesquisador da Ocean Networks Canada, e Ângelo Bernardino, professor associado da Universidade Federal do Espírito Santo.

Dedicada principalmente a cientistas e pós-graduandos, a obra inédita poderá ser utilizada por alunos da graduação ou qualquer público interessado no fundo do mar. Para sua confecção, foi realizada uma revisão da literatura científica disponível sobre a biodiversidade brasileira de profundidade, algo pioneiro, visto que não há análises extensivas sobre essa temática. Expandindo o alcance dos dados produzidos nas últimas duas décadas, muitos dos quais estavam disponíveis apenas em português, o livro é o primeiro que descreve a biodiversidade brasileira de mar profundo para uma audiência internacional e, certamente, será um marco para a oceanografia nacional.

A obra, composta de oito capítulos e escrita por 27 autores em cerca de dois anos, contempla textos com excelente conteúdo e diversas ilustrações e aborda temas variados como biodiversidade bentônica, circulação oceânica, cânions submarinos, impactos humanos, recifes de corais, microrganismos e peixes, ecossistemas quimiossintetizantes e recursos vivos e não vivos nas águas profundas brasileiras.

A ideia para escrevê-la partiu de um convite do professor Alexander Turra, também do IO-USP e coordenador da Cátedra Unesco para Sustentabilidade do Oceano, editor da série de livros denominada Brazilian Marine Biodiversity (“Biodiversidade marinha brasileira”, em tradução livre). Segundo Turra, “essa série é publicada pela Springer e traz para uma audiência mundial o conhecimento sobre a biodiversidade marinha brasileira, em especial sobre os ambientes bentônicos costeiros estudados pela Rede de Monitoramento de Habitats Bentônicos Costeiros (ReBentos). E, embora o mar profundo não seja um habitat costeiro, pouco conhecemos sobre este imenso e importante ambiente e por isso foi incluído na série”.

O livro foi elaborado sem financiamento direto, mas projetos custeados ao longo dos anos por agências federais, estaduais e privadas possibilitaram a obtenção de informações para que ele se tornasse uma realidade – inclusive, a ciência oceanográfica é uma das áreas que mais exigem recursos. De forma semelhante, essa série da Springer é fruto do fomento à pesquisa pelo CNPq, Fapesp, Capes e Finep no âmbito da Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais e do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia sobre Mudanças Climáticas, aos quais a ReBentos está vinculada.

Enquanto ainda há muito o que ser estudado sobre a biodiversidade da margem continental brasileira, só aumentam os interesses industriais e comerciais sobre recursos vivos e não vivos fornecidos pelos ecossistemas de mar profundo, que envolvem desde pescado e produtos biotecnológicos até metais para uso na indústria de alta tecnologia!

Em algumas áreas profundas ao largo do litoral brasileiro há concreções metálicas que crescem no formato de “batatas” no fundo abissal, os nódulos polimetálicos, e outras que possuem formato de placas, mas que se desenvolvem sobre montanhas submarinas, as crostas cobaltíferas. Essas estruturas crescem lentamente, na taxa de 1 milímetro em 1 milhão de anos, e são ricas principalmente em ferro e manganês. Contudo, encontram-se outros metais mais raros e de extrema importância para a indústria tecnológica “verde”.

Tais metais, como o telúrio e outros elementos conhecidos como terras raras, são usados na fabricação de baterias mais eficientes, monitores, turbinas eólicas – ou seja, tudo o que a sociedade está consumindo com cada vez mais intensidade. Como as minas terrestres de tais elementos estão começando a se exaurir, a tecnologia para exploração em mar profundo já está madura e as quantidades existentes lá são muito maiores do que em minas terrestres, a busca por tais elementos nessa fronteira marinha aumentou.

Com a exploração do fundo do mar brasileiro, que é altamente heterogêneo, pode haver impacto em uma variedade de habitats em escala e intensidade ainda indeterminadas. “A falta de conhecimento sobre a biodiversidade e os processos oceanográficos que governam os ambientes de mar profundo dificulta a tarefa de promoção do desenvolvimento sustentável”, ressalta Turra.

Apesar de sua imensa costa, onde está a maior parte da população, o Brasil sempre foi um país voltado para o interior. É necessário mostrar que grande parte (ou a maior parte) da sua riqueza econômica e cultural passa pelo mar. A literatura produzida no próprio país é escassa, sobretudo quanto ao mar profundo. Que este livro chame a atenção da sociedade e de instituições para a importância do oceano e do fomento das pesquisas oceanográficas, conforme preconiza a Década das Nações Unidas da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável.

fonte: https://jornal.usp.br/