PRATICAGEM FECHA PARCERIA COM A AGÊNCIA ESPACIAL BRASILEIRA
10:53A Praticagem do Brasil e a Agência Espacial Brasileira (AEB) assinaram, nesta terça-feira (3/5), um protocolo de intenções visando à troca de conhecimento e ao desenvolvimento de estudos para uso da tecnologia espacial na atividade de praticagem. Foi durante a visita do presidente da AEB, coronel engenheiro Carlos Augusto Teixeira de Moura, às instalações da Praticagem de São Paulo, em Santos.
Um dos possíveis desdobramentos do protocolo é justamente a aplicação da tecnologia espacial para medição dos calados nos canais de acesso aos portos.
– A agência emprega sistemas espaciais. E satélites nada mais são que sensores em órbita que conseguem observar a Terra e podem coletar dados meteorológicos, de marés e correntes. Além disso, temos outras aplicações como em sistemas de comunicação, previsão de eventos extremos etc. Viemos conhecer a praticagem para ver como podemos contribuir. Acreditamos que podemos melhorar a qualidade das informações que impactam no trabalho da praticagem – afirmou Carlos Moura.
Nos EUA, a Nasa e a Praticagem de São Francisco, na Califórnia, também fizeram muitos trabalhos em conjunto com universidades sobre a questão da fadiga humana, outro tema relevante para a praticagem, já que o prático não pode trabalhar demais a ponto de ficar fadigado nem de menos a ponto de perder a experiência, sob pena de comprometer a segurança.
– Sem dúvida, ambas as áreas (espacial e praticagem) trabalham em extremos e com níveis de responsabilidade e limites muito semelhantes. Por isso, com engenharia e conhecimento, procuramos aperfeiçoar os sistemas que o homem produz para trabalhar com a natureza de maneira sustentável e trazer qualidade de vida para todos – completou Moura.
O presidente Ricardo Falcão disse que o acesso à alta tecnologia e ao conhecimento é fundamental para a excelência do trabalho da praticagem:
– A Agência Espacial Brasileira é uma agência de ponta e muito próxima do Instituto Tecnológico de Aeronáutica. E temos sempre que trabalhar no estado da arte para garantir a segurança da navegação. Quando a gente quer ter 0% de acidentes que é o nosso objetivo, temos que investir, não tem jeito. Na Amazônia, por exemplo, onde sou prático, temos muitos problemas de comunicação em diversas regiões e já existem satélites que nos permitem gerar informações para assegurar a passagem dos navios em comunidades ribeirinhas.
O presidente da Praticagem de SP ressaltou que o universo de aplicação da tecnologia espacial na praticagem é muito abrangente:
– São duas entidades que lidam diretamente com tecnologia e isso pode nos trazer muitos benefícios, como na parte de batimetria (medição das profundidades) por meio das imagens de satélites, na previsibilidade ambiental para as manobras e na comunicação em áreas remotas. Certamente, essa parceria vai ajudar muito o Porto de Santos e os demais no Brasil.
À tarde, Carlos Moura e os diretores que o acompanham vão embarcar em uma lancha de praticagem para conhecer as instalações do maior porto da América Latina e assistir ao embarque de um prático em um navio, momento sempre arriscado da profissão.
Nesta quarta-feira, a comitiva visitará o Tanque de Provas Numérico da Universidade de São Paulo (TPN-USP), em São Paulo. O laboratório é referência em simulações de manobras de navios e mantém uma parceria de mais de dez anos com a Praticagem do Brasil, que já contribuiu para formar mais de 20 mestres e doutores. Ainda na USP, Carlos Moura e sua diretoria serão apresentados às pesquisas da Escola Politécnica na área aeroespacial.
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