PRATICAGEM FECHA PARCERIA COM A AGÊNCIA ESPACIAL BRASILEIRA

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A Praticagem do Brasil e a Agência Espacial Brasileira (AEB) assinaram, nesta terça-feira (3/5), um protocolo de intenções visando à troca de conhecimento e ao desenvolvimento de estudos para uso da tecnologia espacial na atividade de praticagem. Foi durante a visita do presidente da AEB, coronel engenheiro Carlos Augusto Teixeira de Moura, às instalações da Praticagem de São Paulo, em Santos. 


Acompanhado do diretor de Gestão de Portfólio da agência, Paulo Barros, e do diretor de Governança do Setor Espacial, Cristiano Trein, o coronel foi recebido pelo presidente da Praticagem do Brasil, prático Ricardo Falcão; pelo diretor administrativo da entidade, prático Marcello Camarinha; pelo presidente da Praticagem de São Paulo, prático Bruno Tavares; e pelo diretor-superintendente, prático Hermes Bastos Filho. 



O presidente e os diretores da AEB conheceram o Centro de Coordenação, Comunicação e Operações de Tráfego (C3OT), que, além de apoiar o trabalho dos práticos, realiza o controle de tráfego e das operações dos navios em parceria com a Autoridade Portuária. Os dados ambientais coletados pelo centro serviram de base para a implantação pioneira no Brasil do sistema de calado dinâmico ReDRAFT, que calcula com mais precisão o calado máximo das embarcações, gerando mais segurança para as manobras e eficiência para a atividade portuária.

Um dos possíveis desdobramentos do protocolo é justamente a aplicação da tecnologia espacial para medição dos calados nos canais de acesso aos portos. 

– A agência emprega sistemas espaciais. E satélites nada mais são que sensores em órbita que conseguem observar a Terra e podem coletar dados meteorológicos, de marés e correntes. Além disso, temos outras aplicações como em sistemas de comunicação, previsão de eventos extremos etc. Viemos conhecer a praticagem para ver como podemos contribuir. Acreditamos que podemos melhorar a qualidade das informações que impactam no trabalho da praticagem – afirmou Carlos Moura.

Nos EUA, a Nasa e a Praticagem de São Francisco, na Califórnia, também fizeram muitos trabalhos em conjunto com universidades sobre a questão da fadiga humana, outro tema relevante para a praticagem, já que o prático não pode trabalhar demais a ponto de ficar fadigado nem de menos a ponto de perder a experiência, sob pena de comprometer a segurança.

– Sem dúvida, ambas as áreas (espacial e praticagem) trabalham em extremos e com níveis de responsabilidade e limites muito semelhantes. Por isso, com engenharia e conhecimento, procuramos aperfeiçoar os sistemas que o homem produz para trabalhar com a natureza de maneira sustentável e trazer qualidade de vida para todos – completou Moura.

O presidente Ricardo Falcão disse que o acesso à alta tecnologia e ao conhecimento é fundamental para a excelência do trabalho da praticagem:

– A Agência Espacial Brasileira é uma agência de ponta e muito próxima do Instituto Tecnológico de Aeronáutica. E temos sempre que trabalhar no estado da arte para garantir a segurança da navegação. Quando a gente quer ter 0% de acidentes que é o nosso objetivo, temos que investir, não tem jeito. Na Amazônia, por exemplo, onde sou prático, temos muitos problemas de comunicação em diversas regiões e já existem satélites que nos permitem gerar informações para assegurar a passagem dos navios em comunidades ribeirinhas. 

O presidente da Praticagem de SP ressaltou que o universo de aplicação da tecnologia espacial na praticagem é muito abrangente:

– São duas entidades que lidam diretamente com tecnologia e isso pode nos trazer muitos benefícios, como na parte de batimetria (medição das profundidades) por meio das imagens de satélites, na previsibilidade ambiental para as manobras e na comunicação em áreas remotas. Certamente, essa parceria vai ajudar muito o Porto de Santos e os demais no Brasil.

À tarde, Carlos Moura e os diretores que o acompanham vão embarcar em uma lancha de praticagem para conhecer as instalações do maior porto da América Latina e assistir ao embarque de um prático em um navio, momento sempre arriscado da profissão.

Nesta quarta-feira, a comitiva visitará o Tanque de Provas Numérico da Universidade de São Paulo (TPN-USP), em São Paulo. O laboratório é referência em simulações de manobras de navios e mantém uma parceria de mais de dez anos com a Praticagem do Brasil, que já contribuiu para formar mais de 20 mestres e doutores. Ainda na USP, Carlos Moura e sua diretoria serão apresentados às pesquisas da Escola Politécnica na área aeroespacial.

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