Praticagem do Estado de S. Paulo participa de manobra inédita em São Sebastião

09:25


 Já imaginou um navio de 250 metros submergir e voltar depois, com outro navio menor em sua plataforma? Parece filme, mas não é. Essa manobra inédita aconteceu nesta semana, no Canal entre São Sebastião e Ilhabela, coordenada pela Praticagem do Estado de São Paulo, tendo sido iniciada na terça-feira e encerrada na quarta-feira.

O navio submersível doca Xin Guang Hua, de Hong Kong, com 255 metros de comprimento, que chegou no dia 19, foi posicionado com precisão em local específico, onde foi submergido parcialmente até a profundidade de 27 metros, para receber em seu convés-plataforma o navio Chipol Taihu, de 188 metros de comprimento. Este navio estava com os sistemas de propulsão e de geração de energia avariados, tendo sido rebocado do porto do Rio Grande.

As duas embarcações são da mesma operadora, a Cosco China, que resolveu montar esse esquema delicado para garantir que o navio e sua valiosa carga, de cerca de 40 mil toneladas de toras de madeira para a indústria de celulose, fossem levados com segurança para a China. A Marinha do Brasil e a Autoridade Portuária de Santos acompanharam toda a operação, mas previamente já tinha sido constatado que não haveria nenhum risco ambiental.

Toda a operação foi realizada pela Praticagem do Estado de São Paulo, com a assessoria de dois práticos: Hermes Bastos e Flavio Peixoto. O prático Hermes, que atuou na manobra, explica a operação: “A Praticagem de São Sebastião foi consultada sobre a possibilidade de acompanhar essa manobra de imersão do navio doca e de docagem do navio avariado. Além de nós, a companhia chinesa também fez contatos com a praticagem do Rio de Janeiro, para realizar a operação na Ilha Grande, e praticagem da Bahia, para realizar na baia de Todos os Santos, em Salvador. Nós tínhamos uma data limite, até o início de dezembro, devido à chegada dos navios de cruzeiro que ocupariam a área escolhida para a operação. Mas ficou decidido que a operação seria realizada em torno de 15 a 20 de novembro. Assim que o serviço foi contratado, fizemos o levantamento batimétrico, com nossa equipe de batimetria, utilizando sonda multifeixe, que forneceu dados bastante detalhados das profundidades locais. Encontramos uma área bem grande, de 34 metros de profundidade, ideal para o que necessitavam, e as condições meteorológicas (vento, corrente, ondulação e visibilidade) esperadas também seriam favoráveis para a execução do trabalho”.
Hermes conta que os superintendentes das operações de docagem da Cosco vieram especialmente da China, para acompanhar a operação no navio. Também veio o representante da empresa Zvitzer de rebocadores, que executou toda a faina de reboque, desde o Rio Grande até a fase final da manobra. Foram realizadas na sede da Praticagem do Estado de São Paulo três reuniões preparatórias com todas as equipes envolvidas para cobrir todos os detalhes da delicada operação.


O navio doca entrou na Barra Norte e foi fundeado pelos práticos, com precisão na posição determinada, no dia 19 pela manhã. Na quarta, às 4 da manhã, começou a operação para submergir parcialmente o Xin Guang Hua, que só terminou às 8 horas. Após submergir, foi até 27 metros (para dar uma ideia, o equivalente a um prédio de oito andares) para atingir a profundidade desejada e com água suficiente para receber a embarcação avariada. Depois, foi mantido alinhado contra a corrente e o vento, pelo prático Hermes, usando os rebocadores. Enquanto isso, às 6 da manhã, o prático Flávio embarcava no navio avariado, o Chipol Taihu, sem propulsão e sem energia, puxado por três rebocadores, para o ponto de encontro com o navio semissubmerso.”

Após 2 horas de reboque no canal de São Sebastiao, o prático Flávio entregou o navio Chipol Taihu na posição desejada. A partir desse ponto, o navio foi cuidadosamente puxado para dentro da plataforma-doca do navio Xing Guang, auxiliado por rebocadores e cabos especiais. “Foram três horas e meia só para deslocar o navio avariado por cerca de 200 metros, tudo muito lentamente para evitar um acidente. A outra etapa seria trazer o navio doca novamente para a profundidade normal, de navegação, após receber a carga. Para isso, eles bombeiam para fora a água dos tanques de lastro, até chegar ao nível de flutuabilidade necessária, com cerca de 11 metros de calado. Depois disso, nos dias subsequentes, serão feitas as soldas das estruturas no convés de carga, formando um picadeiro para apoiar o navio avariado com segurança, para garantir estabilidade e sustentar a embarcação até a viagem à China”, complementou Hermes.

Fonte: Praticagem de São Paulo



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