Livro mapeia os dinossauros que viveram no Brasil
11:37A obra reúne as pesquisas de Luiz Eduardo Anelli. professor da USP, e de Rodolfo Nogueira, especialista na paleoarte
Uma viagem no tempo para observar o início da vida e de sua diversidade. E sentir a sensação de mergulhar em um universo ao mesmo tempo fantástico e real, para observar os primeiros seres de um território que centenas de milhões de anos depois receberia o nome “Brasil”. É essa descoberta que o livro O Brasil dos dinossauros, do paleontólogo Luiz Eduardo Anelli e do paleoartista Rodolfo Nogueira propicia. Lançado pela Editora Marte, revela, em suas 132 páginas, paisagens e informações preciosas da nossa tão pouco conhecida e divulgada Pré-História.
A pesquisa de Anelli, professor do Instituto de Geociências da USP, e a habilidade e conhecimento de Nogueira, reconstroem animais, plantas e resgatam a árvore genealógica da vida do País e do planeta. “A vida e a diversidade que dela surgiu é o maior prodígio do universo”, explica o professor. “Nascida nos oceanos primitivos, pavimentou o caminho pelo qual trilhou, evoluindo de minúsculas bactérias até os maiores dinossauros.”
Ao contrário do que muitos imaginam, Anelli ensina que a genealogia da vida comprova que todos os seres vivos estão relacionados. “Temos todos algo em comum, ainda que em uma pequenina sequência de genes pré-históricos guardada em nossas células, e em bactérias nas mais profundas fossas oceânicas, nas plantas, nos protozoários, fungos e todos os animais. Dos ramos dessa grandiosa árvore, não há vida que escape.”
No início, miúdos e delicados, os dinossauros tiveram que aguardar trinta milhões de anos…
No início, miúdos e delicados, os dinossauros tiveram que aguardar trinta milhões de anos…
Segundo Anelli, os dinossauros não dominaram a fauna logo em seguida à sua origem, pois, na época, já havia grandes e impetuosos animais. “No início, miúdos e delicados, os dinossauros tiveram de aguardar trinta milhões de anos até que a fauna carnívora e herbívora concorrente de grandes arcossauros fosse dizimada por mudanças climáticas, pelo impacto de um asteroide e finalmente por um extenso vulcanismo. Não havia competições. O que estava em falta eram espaços desocupados.”
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.Anelli vai pontuando a origem e a forma como os dinossauros e o planeta foram evoluindo. Cita a espécie Staurikosaurus como “um remoto bisavô”. “Está entre os primeiros dinossauros reconhecidos no Brasil”, observa. “Eles foram os primeiros artrópodes terrestres a respirar fora da água, e durante os períodos Carbonífero e Permiano, algumas espécies chegaram a quase três metros de comprimento.”
Anelli informa que “é impossível estimar a quantidade de esqueletos que a geologia pôde preservar e enviar ao futuro no interior das rochas”. Segundo ele, bilhões de indivíduos viveram durante a era Mesozóica. “No entanto, esqueletos de uma pequena fração desses animais encontravam o caminho da fossilização e, recuperá-los hoje é um enorme prodígio. No Brasil, encontrar um único osso sequer é quase um milagre”, ressalta.
No início, miúdos e delicados, os dinossauros tiveram que aguardar trinta milhões de anos…
O livro traz uma pesquisa inusitada com as ilustrações que aliam ciência e arte para apresentar uma realidade de há milhões de anos. Anelli, em uma linguagem simples, didática e, ao mesmo tempo, poética, desperta o leitor para uma aventura às margens das planícies do sudoeste do Pangea (continente que existiu entre 200 e 540 milhões de anos, durante a era Paleozoica, há 160 milhões de anos). As imagens de Nogueira detalham a vida e o cotidiano dos dinossauros inseridos em uma paisagem que surpreende pelas cores e detalhes da natureza. Importante destacar também o projeto gráfico com mapas, fichas técnicas, informações que fazem a diferença para a compreensão do leitor. O formato do livro também surpreende – tem 51 centímetros de largura e 24,5 centímetros de altura – e possibilita a inserção de 27 imagens com dinossauros gigantescos.
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“Retratar O Brasil dos dinossauros foi épico”, afirma o paleoartista Rodolfo Nogueira. “Escutei o chamado e entrei como um garoto comum em uma viagem deslumbrante a um mundo mágico. Acabei vivendo a maior história de todas, a do tempo.”
“Retratar O Brasil dos dinossauros foi épico”, afirma o paleoartista Rodolfo Nogueira. “Escutei o chamado e entrei como um garoto comum em uma viagem deslumbrante a um mundo mágico. Acabei vivendo a maior história de todas, a do tempo.”
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